LIXO: DETRITOS, POLÍTICA, HOMEM E NATUREZA
O lixo é um fato concreto, que está presente aos nossos olhos, perante aos grandes lixões dos centros urbanos, onde a vida é contínua de miseráveis, diante da luta pela vida entre os detritos.
Os urubus estão em volta diariamente com a miséria do povo brasileiro e mundial, que vivem famintos e procuram através dos detritos do lixo dos lixões algum sustento divino.
A vida dos lixões poderia ser diferente, se os governantes aproveitassem esses miseráveis, esse lixo, para produzirem benefícios à vida dos mesmos e da sociedade.
No lixo nós encontramos também um retrato da arte, feita de restos metálicos, papelões e plásticos, que acabam virando uma escultura contemporânea construída por artistas, que vivem da arte do lixo.
O lixo não só se encontra nos lixões, mas na vida cotidiana nos centros urbanos ao lado da poluição devastadora.
Crianças, favelas-lixo, pobres humildes, descaso simplório, arte obscura, fome intolerável, diante dos olhos dos Urubus (políticos), que não usam dos seus esforços para transformar o lixo.
Lixo poético, lixo reciclado, lixo que talvez poderia se transformar em vida, lixo do belo das imagens tiradas de uma velha câmera fotográfica do lixo do dia-a-dia.
O lixo não é só Lixo, mas também a nossa política, a nossa intolerância e ignorância.
Temos hoje o código completo dos gens, mas não temos o código para o fim dos lixões da vida, dos lixos, detritos, vielas, becos, ruas, esgotos, avenidas, rodovias, hidrovias da obscuridade do progresso industrial, transcendental, mundial, antiecossistema e autoritário.
Reciclar não é perigo, clonar é perigo, limpar não é castigo, burocratizar é pecar mais no desperdício...
O lixo vai ao lixão, os livros vão chão, diante do homem-lixo entre a “vida limpa”, mas encontrada nas guerras, nos detritos radioativos e entre os assassinos do planeta (a raça humana).
Temos o lixo dos detritos entre ratos e pestes e miseráveis no mundo, diante dos vagabundos pecados dos próprios homens.
Por que não existe um verbo para o lixo? Por que pecamos como Lixo ao lixo?
Por que somos seres humanos incapazes de terem os seus pensamentos reciclados como o lixo, diante dos pecados de um vírus chamado: EGOÍSMO?!
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)
Poeta, professor, acadêmico, palestrante, pesquisador e escritor cabo-friense.
*Crônica publicada no livro Crônicas do Silêncio de 2016 pela Ed. Costelas Felinas.