Atos da fala
Há alguns ditos populares que vez ou outra surgem em nossa mente diante dos acontecimentos do dia a dia. Como quando uma conversa que era para ser civilizada termina da pior maneira possível. Daí, você para tudo e lembra que em alguns casos: “É melhor ser feliz do que ter razão”.
Nos estudos da análise da conversação há o conceito de “face”, proposto pelo linguista Goffman. Essa face, como conceito, tanto pode ser “positiva” quanto “negativa”. A face positiva diz respeito a tudo que defende e valoriza a imagem que o indivíduo deseja para si na interação com os outros; já a face negativa, com tudo o que promove e mantém a sua autonomia como indivíduo.
Quando uma conversa tem início, os atos de fala se sucedem promovidos pelos falantes enquanto interagem. Essas interações, quando não valorizadas por ambas as partes, põem em risco as faces dos interlocutores.
Em uma discussão é comum a crítica. Toda crítica de certa forma incomoda e o ouvinte tem a face positiva ameaçada quando a recebe. Do mesmo modo, a sua face negativa é abalada quando ouve uma ordem ou um conselho.
A exemplo temos as intermináveis discussões entre professores e alunos. O aluno, ao questionar a conduta e o rigor dos testes aplicados em sala, ameaça claramente a face tanto positiva (imagem que se deseja manter) quanto a negativa (autonomia como docente) do professor.
Discussões raramente terminam bem, se de ambas as partes não há um esforço sincero pela cortesia, ou seja, caso não se ocupem de atenuar uma eventual ameaça às faces que ali interagem.
O que me lembra outro dito popular: “Quem diz o que quer...”