Esse ou este?
Quando se deve usar, na língua escrita, para situações mais formais, o demonstrativo “este”? E quando seria adequado usar o demonstrativo “esse”? O que são anáfora e catáfora? Como esses conceitos ajudam na redação?
A edição do Manual de Redação Atlas de 1994 já reconhecia, há duas décadas, a dificuldade para o uso de um ou outro demonstrativo, no entanto, orientava que “Não há necessidade de o revisor preocupar-se com esta ninharia”. Será?
Para a consultora de língua portuguesa Thaís Nicoleti o uso do pronome “este” ou “esse” está ligado à posição ao qual remete. A forma escrita “ss” remete ao que foi dito, veja: “Venha cedo. Esse foi o pedido dela”. Já a forma com “st” aponta para o que será dito depois, observe: “O meu pedido é este: venha cedo”.
A Gramática de usos do português, da professora Maria Helena de Moura Neves, nos diz que o demonstrativo “esse” faz referência à pessoa ou coisa que já foi mencionada ou sugerida em qualquer porção precedente do texto (anáfora). Enquanto que o demonstrativo “este” faz referência à pessoa ou coisa que a seguir vai ser citada no texto (catáfora). A anáfora nos leva para trás, enquanto que a catáfora nos leva para frente. O que equivale a dizer que um ou outro demonstrativo referencia elementos que se encontram em certa parte do texto.
A escolha, portanto, do pronome mais adequado é definida, no momento da redação, pelo próprio contexto linguístico. Logo, os pronomes demonstrativos não são, nem de longe, ninharias.