Entre o sentido e o sabor
Escrever um bom texto não difere muito de cozinhar. Até porque se as palavras forem bem combinadas, como o são os ingredientes de uma receita, o estímulo ao leitor será tal que ele certamente irá degustar o texto do início ao fim.
Não dá para colocar em uma frase palavras que não se harmonizam. Sobretudo, não se pode escrever “o menina” ou “a menino”, e porquê? Ora, a organização da língua “exige” que se combine o artigo com o substantivo. Mas, o que é substantivo mesmo? O substantivo, além de nomear um ser, uma ação ou estado, também é uma entre as possíveis classificações que uma palavra pode receber.
Vale lembrar que a classificação morfológica, que é o entendimento da palavra como um elemento que pertence a uma classe (substantivo, adjetivo, verbo, etc.), difere do papel que um termo tem na estrutura da frase. É muito comum confundir a classificação morfológica de uma palavra com a sua função sintática.
A exemplo temos a palavra mulher, que é um substantivo. Se o colocarmos em uma frase como “A mulher preparou o jantar.”, a palavra mulher funciona como núcleo do sujeito. Mas, em “Eu vi aquela mulher”, o sujeito muda, assim como a função da palavra mulher, que não deixa de ser substantivo, mas passa a funcionar como núcleo do complemento direto do verbo ver.
Acredite se quiser, mas tudo o que foi dito até aqui nada mais é do que um vislumbre da tão temida análise sintática. Sim, ela é muito importante para o ato da escrita! Afinal, como já dito, escrever bem assemelha-se a cozinhar, porque demanda conhecer os ingredientes e harmonizá-los de forma que o sentido esteja muito claro e saboroso para quem lê.