INVERSÃO DE VALORES

Aconteceu mais uma vez.

Durante troca de balas entre bandidos e policiais uma pessoa que, aparentemente, nada tinha a ver com o conflito é atingida e morre antes que se pudesse prestar qualquer socorro.

Comoção geral perfeitamente justificada.

Trauma familiar, organizações civis e poder público se solidarizando com todos os envolvidos.

Como sempre a mídia informa o ocorrido, pois faz parte de suas atribuições como veículo informativo e prestadora de serviços à comunidade.

Porém a coisa não fica bem explicada para a população, quando se dá destaque à atuação policial.

Parece que há intuito, nem sempre velado, de demonizar a atuação dos policiais, apresentando-os como matadores profissionais, dando destaque aos atos duvidosos de alguns deles, sem que haja o cuidado de esclarecer as circunstâncias que os motivaram.

Parece também que há o propósito de induzir à ideia de que todas as balas “perdidas” são exclusividade das armas dos policiais.

Em nenhum momento se dá destaque à atuação dos bandidos, traficantes ou não, que se digladiam nos becos das favelas por pontos de drogas ou partilha de roubos e furtos que é o real motivo da ação policial.

Ninguém fala que os moradores dessas localidades são, em grande parte, coniventes com a bandidagem tanto que são eles mesmos que filmam os policiais, mas não filmam os bandidos salvo nos momentos em que, dominados pela força policial, se postam de vítimas.

"Ah! Os traficantes perseguem os moradores que não lhes são simpáticos. O cidadão honesto e trabalhador é obrigado a dar cobertura aos marginais ou serão perseguidos e muitas vezes obrigado a mudar-se para não se transformar na próxima vítima".

(Todo mundo já ouviu essa parte do discurso hipócrita dos politicamente corretos e/ou defensores de bandidos).

Pensando bem isso pode ocorrer com a minoria porque, se a maioria não se beneficiasse da ação dos marginais, se não lhes desse guarida, se denunciassem atitudes suspeitas, os depósitos de mercadorias roubadas, os pontos de estocagem e de vendas de drogas as suas vidas não estariam em risco quando houvesse um entrevero com a força policial.

Não se trata de justificar a matança praticada por grupos de extermínio ou desvio de conduta de policiais, mas esses são as verdadeiras vítimas do sistema vez que, são obrigados a agirem dentro da lei e ao mesmo tempo serem alvos de bandidos cujo armamento é anos luz superior ao que eles portam nas ações das quais participam e que para tanto ainda têm que prestar contas das munições que lhes foram entregues antes de saírem dos quartéis para arriscarem as suas vidas em defesa da população que os responsabilizam por todas as mazelas que sofre, que não move uma palha para eliminar e ainda colabora na manutenção.

"Isso só ocorre por causa da ausência do Estado", diriam os politicamente corretos, mas quando o Estado se faz presente é vandalizado por aqueles que se beneficiam do status quo e, portanto, não admitem quaisquer mudanças.

Enquanto esse paradigma não for mudado as mortes por balas perdidas irão continuar...