O "CABARÉ DE NATÁLIA"

Era localizado na Avenida Maranhão, perto da Avenida Euclides Figueiredo, no Bairro Matadouro. A proprietária do bordel era conhecida como Natália e atendia todos com um sorriso cativante. Todos os dias o amor era sagrado, mas nos finais de semana mulheres e os frequentadores do cabaré, pegavam pesados na “arte de namorar”. Para aquele local se deslocavam homens dos Bairros: Santos Dumont, 18 do Forte, Cidade Nova, América, Matadouro, Cirurgia, Santo Antônio, Mané Preto, Porto Dantas e até do Bairro Siqueira Campos.

Brega sem luxo, mas de intenso amor. As profissionais do sexo vinham de bairros pobres de Aracaju, das cidade de Sergipe e até de outros Estados do Brasil. Homens, mulheres e até idosos se misturavam no puteiro. Pelo dia o movimento era fraco, mas à noite a frequência era enorme. O quarto era obrigado a pagar e a relação ficava por conta do acerto:

-Você paga o quarto que vai para dona do brega e me dar tanto pela relação sexual.

O “XÊXO” (uma espécie de calote) não existia. Caso surgisse um “xexeiro”(figura odiada até hoje nos cabarés) era presa no local e só era solto quando pagasse a relação.

-Socorro! Aqui tem um caloteiro! - gritava a quenga para todos que imediatamente chegavam para fazer o cabra safado pagar a dívida:

-Eu não tenho dinheiro! – dizia o safado cabisbaixo.

-Se vira! Só vai sair daqui quando pagar.

-Eu não tenho dinheiro!

-Então deixe alguma coisa empenhada.

-Eu não tenho dinheiro!

-Então vamos capá-lo!

Sem alternativa, o sujeito deixava um bom par de óculos, um par de sapatos ou até mesmo a calça e a cueca para respeitar o ambiente.

Antes da transa a questão da luminosidade do quarto era assim esclarecida pela marafona:

-Meu bem! Quer com luz acesa ou apagada?

-Quero com luz acesa. – salientava geralmente o homem caso a mulher fosse uma beldade. Se a meretriz fosse desajeitada o sujeito preferia a luz apagada.

Mulher que morasse perto do brega era proibida de falar com as quengas do cabaré de Natália:

- É Puta também! – dizia uma pessoa agourenta metido a moralista.

O amor era na base do vapt-vupt. Minutos depois um sujeito batia à porta e a profissional do sexo avisava:

- Saia de cima de mim que já tem outro cliente esperando. – dizia a rapariga já pensando nas outras transas que elas teriam que fazer naquela noite.

O Cabaré de Natália encerrou suas atividades no início da década de 80 e deixou saudades ...

Reri Barretto
Enviado por Reri Barretto em 03/04/2017
Reeditado em 22/08/2017
Código do texto: T5959819
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