DESAPEGO

Uma palavra muito em voga em nossos dias é: Desapego!
Ouve-se muito sobre o quanto é necessário usar de desapego, para se viver melhor.
No entanto, na contramão do assunto, vem o fato de que devemos amar sobre todas as coisas o rincão em que nascemos, e se possível nele permanecer uma vida inteira, para sermos vistos como bons filhos da terra natal.

Acho que uma coisa não combina com a outra. Pois isso, não deixa de ser um apego, e dos mais ferrenhos, capaz de gerar inclusive, muitos preconceitos. Podemos (e devemos) RESPEITAR nosso solo natal, e todos os outros, que tivermos a oportunidade de pisar, durante a nossa vida.
Entretanto, apegos são sempre correntes que nos prendem, e invalidam nossos voos. Engessam nossos sonhos, aprisionam nossas possibilidades.

Não somos árvores, não temos raízes (físicas) com lugar algum do planeta. Nascemos em um local, mas não necessariamente precisamos permanecer ou morrer nele.

E no mundo há sim, lugares melhores para se viver que em outros. E muitas vezes ocorre que o nosso berço de origem, não está entre aqueles que nos oferecem uma melhor qualidade de vida. 
Não há crime em reconhecer esse fato. Somente um olhar um tanto mais aguçado, além das fronteiras estreitas de um território ou bandeira.
Estar aberto a mudanças, disposto a viver aqui ou acolá, é estar de mãos dadas com o desapego.

Lembrando que em nossa existência, não escolhemos a data do bilhete de volta. Portanto, de nada adianta esse apego, ao lugar de origem, ao berço natal, nada absolutamente nada nos pertence de fato.
Nessa deliciosa viagem que é a vida, o tempo de percurso (curto, medio ou longo) que nos é concedido, é a única coisa que temos de fato. Então, o melhor é percorrer o trajeto livre de amarras que nos engessam e limitam.


(Imagem: Lenapena)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 02/04/2017
Reeditado em 06/04/2017
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