CRIANÇAS...
O que a influência dos filmes de TV não provoca numa criança! Esses dias, bateram à porta da casa de um amigo meu. O filho, um garoto de seus cinco anos, já foi abrindo a porta alegremente. Deu de cara com dois sujeitos mal-encarados.
– Menino,onde está seu pai?
– Tá tomando banho. O que você quer? Como é o teu nome?
– Genésio. Vai chamar teu pai.
– Tá bom. Por que teu tênis está sujo? Minha mãe não gosta de tênis sujo.
– Já vi que tu é um pentelho, garoto. Quero falar com teu pai.
– Já sei, vocês são assaltantes, não são? Cadê o revólver? Mostra, mostra o revólver!
O homem fez cara de irritado. Nervoso, não tirava a mão direita do bolso. Seu companheiro se conservava mais atrás. O guri continuava:
– Meu pai também tem uma arma, das grandes. Uma 38. Está lá na gaveta do quarto. A sua também é uma 38?
– Não diz besteira, garoto! Não tenho arma.
– Então é uma faca. Daquelas bem grande e afiada. Você vai atacar meu pai se ele não der o dinheiro que está dentro do cofre?
– Seu pai tem dinheiro no cofre?
– Tem, mas não é muito. O cofre está cheio de jóias, nem cabe mais nada dentro dele. Quando tem dinheiro grande, ele deixa numa gavetinha escondida lá onde tem os livros.
– Não queremos saber. Vai lá chamar teu pai.
– Ele tá no banheiro, já disse. Vocês vão trancar a gente no banheiro, como nos filmes? Vou dizer pro meu pai sair de lá. Vocês trouxeram a corda?
– Pra que corda?
– Pra amarrar meu pai, minha mãe e a empregada. E depois vão arrancar o fio do telefone, não é?
– Deixa de ser idiota, garoto! Ninguém aqui é assaltante. Diz pra ele que os pintores estão aqui.
E o garoto, desanimado:
– Pintores? Que droga!