Cinquenta anos hoje

Isso. Cinquenta anos hoje, bonita que nem ela, vestido azul, sorriso aberto, simpático e feliz.

Recebeu-nos na porta. Eu, meu pai e meu irmão.

Sua família nos esperava. Elegantes e curiosos. Não se conheciam.

Tudo começou quando dois jovens encontraram-se na Faculdade de Direito. A nota de latim ia ser divulgada. Apreensiva ela? Não sei dizer o quanto. Um amigo nos apresenta. Encanta-me sua beleza, belos olhos verdes, cor do rosto queimada, era verão e o Sol, naquela época, era presente dos deuses.

Sempre tive bom ouvido, e hoje, já bastante envelhecido, escuto com muito menos intensidade, mas com a mesma qualidade de som. Foi o que aconteceu. Dita sua nota, ouvimos cinco. Aprovada.

Levei-a até a porta da Faculdade, bela escadaria de mármore até hoje existente. Sem querer dar a perceber, ela mediu a altura comigo. Um sinal, claro. Depois, passou seu telefone. Anotei num maço de cigarros. A nota foi publicada, conferi e avisei a ela.

Ano e pouco mais e estávamos, como estamos, casados. Tudo por culpa de uma casualidade, que nos fez completar hoje cinquenta anos de noivado.

A vida nos guardou, como a todos, boas e más surpresas. Pouco importa, ou importa muito!

Junto estamos, e de mãos dadas atravessaremos a barreira do não sei até quando.

Beijo, minha querida!