O Real e a Realidade
Esta crônica foi publicado no extinto Diário da Tarde nos anos 90.
Discurso que FHC deveria fazer no palanque eleitoral para a sua reeleição. Dou aqui a dica das introduções das etapas da sua fala:
Eu sou o pai do Real, mas não sei quem é a mãe...
Copiei o plano Cavallo da Argentina, mas aqui virou plano égua...
Acabei com os petroleiros escondendo o gás, não cumpri o acordo com o Itamarasmo e de troco joguei-os contra a população. Perdoei dívida dos pecuaristas, permiti a prisão da sem terra, a magricela Diolinda Alves...
Fiz da classe média, classe Mérdia...
Transformei a saúde pública em doença pública...
Desmoralizei a CUT e fortaleci a classe patronal...
Dou total apoio ao Fiespento Medeiros...
Cassei direitos do funcionalismo público. Foram só de bagrinhos para estabilizar tubarões...
Socorri banqueiros. Afinal, o PROER foi criado para quê? Para os banqueiros, é claro!
Melhorei um pouquinho para o pobre e fiz o rico nadar de braçada...
Risquei meu passado progressista de mentira, para ficar ao lado do Toninho Malvadeza...
Sou neoliberal inteligente, poligrota e caixeiro viajante...
Eu não fui exilado. O regime militar não me perseguiu. Daí asilei-me por conta própria.
Meu maior inspirador, que Deus o tenha, foi Roberto Cardoso Alves, aquele do é dando que se recebe...
Vendi a Vale do Rio Doce a preço de banana. Estou entregando o Brasil para o capital estrangeiro...
Dei emprego no exterior e desempreguei milhares de brasileiros...
Chamei os brasileiros de caipiras e a oposição de esquerda burra.
Não quero só reeleição. Eu quero é mais!!! “Reeeeeleição!!!” .
Na reforma da Previdência, aposentadoria só dentro do caixão...
Tenho meu vencimento de presidente da república. Sou aposentado como senador. Outra de professor. Eu quero que o trabalhador se exploda!
Votem em mim seus capiaus!...
Este governo Traíra Temer é o repeteco do governo FHC.
Lair Estanislau Alves.