ATÉ QUE FOI PROVEITOSA
Todas as manhãs vou fazer minha caminhada no calçadão de Copacabana. Além de praticar um bom exercício físico, também me distraio ouvindo as conversas dos passantes, observando as pessoas, algumas com corpos disformes, mas usando um biquine pequeníssimo, outras que, embora com idade avançada, teimam em usar roupas de adolescentes, aqueles que falam sozinhos, e outros que falam com seus respectivos cachorros “você quer ir pro Leme ou pra Copa?”. O animal olha pra cara da dona como se dissesse: minha filha, você ainda não aprendeu a minha língua, logo, se eu responder você não vai entender.
A maior parte vai falando ao celular e perde toda a beleza que a natureza nos proporciona. Outros vão falando sozinhos mesmo.
Os velhinhos olham para todas as mulheres, se fixando no “triângulo das bermudas”, ou melhor, no triângulo que está dentro da bermuda, e com aquele olhar saudoso dos velhos tempos, pensam...ah, se eu pudesse...!
Eu olho para todos eles. Creio que, com esse olhar, lhes lustro o ego e eles ficam mais felizes.
Naturalmente, ao chegr em casa, eles dizem para as respectivas esposas: você não me dá bola, mas tem mulher que ainda me olha.
A mulher então, lhe diz: Éééé? Pois vai atrás dela e vê se ela quer fazer a tua comida, lavar a tua roupa, trocar o teu fraldão e ainda escutar o teu ronco por mais de cinquenta anos.
A discussão está instalada. Eles começam a lembrar de brigas passadas e cada um fala sobre todas as mazelas. Ou seja, fazem uma verdadeira catarse botando todos os podres pra fora.
A mulher, batendo os pés, vai pra cozinha fazer a comidinha dele.
Ele pensa um pouco e vê que ela tem razão. Desce ao jardim do edifício, rouba uma flor, e sobe para oferecê-la àquela que tanto ama. Um sorriso dela e a paz está restabelecida.
Eu fico sentindo a sensação de dever cumprido, uma vez que animei o dia dos dois que, quase sempre, é monótono.
Meu passeio foi proveitoso, digo a mim mesma.
Amanhã irei em outro horário para olhar pra outro velhinho.
Todas as manhãs vou fazer minha caminhada no calçadão de Copacabana. Além de praticar um bom exercício físico, também me distraio ouvindo as conversas dos passantes, observando as pessoas, algumas com corpos disformes, mas usando um biquine pequeníssimo, outras que, embora com idade avançada, teimam em usar roupas de adolescentes, aqueles que falam sozinhos, e outros que falam com seus respectivos cachorros “você quer ir pro Leme ou pra Copa?”. O animal olha pra cara da dona como se dissesse: minha filha, você ainda não aprendeu a minha língua, logo, se eu responder você não vai entender.
A maior parte vai falando ao celular e perde toda a beleza que a natureza nos proporciona. Outros vão falando sozinhos mesmo.
Os velhinhos olham para todas as mulheres, se fixando no “triângulo das bermudas”, ou melhor, no triângulo que está dentro da bermuda, e com aquele olhar saudoso dos velhos tempos, pensam...ah, se eu pudesse...!
Eu olho para todos eles. Creio que, com esse olhar, lhes lustro o ego e eles ficam mais felizes.
Naturalmente, ao chegr em casa, eles dizem para as respectivas esposas: você não me dá bola, mas tem mulher que ainda me olha.
A mulher então, lhe diz: Éééé? Pois vai atrás dela e vê se ela quer fazer a tua comida, lavar a tua roupa, trocar o teu fraldão e ainda escutar o teu ronco por mais de cinquenta anos.
A discussão está instalada. Eles começam a lembrar de brigas passadas e cada um fala sobre todas as mazelas. Ou seja, fazem uma verdadeira catarse botando todos os podres pra fora.
A mulher, batendo os pés, vai pra cozinha fazer a comidinha dele.
Ele pensa um pouco e vê que ela tem razão. Desce ao jardim do edifício, rouba uma flor, e sobe para oferecê-la àquela que tanto ama. Um sorriso dela e a paz está restabelecida.
Eu fico sentindo a sensação de dever cumprido, uma vez que animei o dia dos dois que, quase sempre, é monótono.
Meu passeio foi proveitoso, digo a mim mesma.
Amanhã irei em outro horário para olhar pra outro velhinho.