O PRETENDENTE IMPERFEITO.
"Eu prefiro jogar bola do que ir a escola. Na escola sempre estou escrevendo e isso cansa as mãos".
Esta foi a resposta de um menino de 8 ano quando foi realizado uma pesquisa na escola fundamental. A desaprovação daquele garoto de cabelos desarrumado e olhar inquieto deitou por terra qualquer sábia teoria das ciências da educação. Pois é, mais fácil o menino ser jogador de futebol do que ser médico, advogado, professor ou outras profissões liberais. O menino vê o seu ídolo ganhando fortunas, principalmente lá fora, no exterior e a mídia mostra a vida muito boa desses famosos; carros de luxo, belíssima casa e o assédio do público. Isto mexe com a cabeça das crianças em sonhos e comparações reais. Na escolha, pesa mais a arte do futebol.
O futebol, já faz parte da cultura brasileira, é um esporte nacional de massa popular. Cresceu muito a exportação dos nossos craques para vários países da Europa, Japão, Oriente médio e agora muito a China. Criou-se uma indústria e a matéria prima é o homem com seu jeito brasileiro na arte futebolística. Os grandes clubes de futebol tem "escolinha" que ensinam aos meninos a jogarem o futebol, preparação do caminho curto para alcançar a fama. Os estrangeiros mandam os chamados "olheiros" para contratar aquele que melhor se destaca na competição. Enquanto que o estudioso cientista para conseguir uma nova descoberta levaria no mínimo vários anos em pesquisa ou morre sem vê seus ideais concretizados. É claro que não podemos comparar o esporte com a ciência. O primeiro leva o joga a ter uma vida útil e talento em pouca idade e geralmente encerra a "carreira" ainda novo com mais ou menos 38 anos com boa saúde. É classificado como jogador de futebol profissional aquí no Brasil, com direitos de benefícios até mais do que outras classes trabalhadora. Já no exterior o valor do jogador é avaliado em euros e dólares, com contrato variável entre 2 a 5 anos. O segundo exemplo, leva 20 a 30 anos em estudos acadêmicos e a vida inteira para ser reconhecido como um bom profissional ou brilhante pesquisador que vai precisar de mais 5 a 10 anos de estudos em pesquisas em boas instituições científicas. Geralmente morre pobre e não esquecido pela comunidade científica.
Com essas declarações acima põe em cheque a educação brasileira até o nível fundamental quando são exigidos os parâmetros curriculares nacionais; ler, escrever e contar. Não sendo suficiente quando pode exigir mais do aluno. O caminho da educação de um povo depende do aprendizado básico e conhecimento geral que venha a servir no futuro de uma profissão.
Calar o jovem com bala de esporte e não exigir dele os estudos é alimentar o sonho e acordar no pesadelo adulto. Sabemos nós que o esporte e a educação trabalham juntos é um poderoso aliado no crescimento de uma nação. Mas o que está em jogo é a evolução do futebol e a decadência das nossas instituições de ensino. Como também a qualificação do professor com a baixa remuneração. Nos mostra a ver navios sem porto.
Para os olhos de uma criança tudo é verdade, tudo é possível, melhor é fazer. "Eu prefiro jogar bola do que ir a escola."
n.b:A primeira publicação do texto acima foi no meu Blog Bahiatextos
em 2007.
Batacoto.