Garçons, rapazes? Não, senhores!
A palavra que designa estes profissionais vem associada ao imaginário significando “rapazes” como requer o francês. Mas nem sempre...
O meu primeiro contato com eles foi lá por volta dos 12 anos. Eu menino bobo, não acostumado com as vivências sociais, fui lá à força velar minha irmã com seu namorado. Isto era rotina, porque na cultura familiar mineira da época moça de família não saia sozinha e muito menos com namorado à tiracolo. O que os vizinhos falariam?! E no mais “a ocasião faz o ladrão”: deixar namorados sair ou ficar sozinhos era dar oportunidade para eles fazerem “bubiça”.
Era carnaval! O namorado viera de “Sunpaulo” e queria impressionar a namorada. Convidou-a para naquele anoitecer fazer um lanche na “À Brasileira” o restaurante mais chique do centro da cidade. E lá fomos nós: ele, ela e a vela, eu!
Refestelamos. Pediu-se a conta. O garçom a trouxe. O namorado pagou tudo e para impressionar deixou o troco na mesa. Ele e ela saíram. Eu achei que aquele dinheiro deixado ali havia sido esquecido. Eu que fiquei para trás peguei o dinheiro para entregar ao seu namorado. Na mesma hora tomei um xingo do garçom: - deixe isto aí, menino! Só depois é que fui entender que aquele dinheiro deixado ali era gorjeta.
E assim a convivência me fez mais entendido das relações com estes necessários profissionais que servem à mesa com toda honradez e dignidade. E pela realidade socioeconômica brasileira nem sempre eles são rapazes. Muitas vezes, senhores dedicados ao seu oficio.
Fui eu naquele outro restaurante noturno que resiste às mudanças e se renova ofertando serviços contemporizando-se frequentado por gente metida à elite. E lá veio aquele senhor garçom acostumado aos discursos de opressores – certamente achando que eu também era um dos tais comensais, ele quis agradar com discursos subservientes a respeito de política. Eu queria só comemorar o aniversário de meu filho e estar em família com meus convidados. Fiz tanto carão que finalmente ele entendeu que eu não estava para lero-lero politiqueiro e discursos comprados e vomitados de opressores que lhe despejavam em seus ouvidos e ele alienado e subalterno repetia salão afora. Este senhor viu toda a história deste estabelecimento se desenrolar com seus direitos garantidos pela CLT que lhe assegurou ali envelhecer. Exemplifica bem a expressão: É prata da casa! Mas se a TERCERIZAÇÃO, que acaba com direitos trabalhistas, ser aprovada, o que acontecerá com as gerações de seus netos, que segundo esta tendência, serão meros prestadores de serviços desvinculados de empresas?! Esta geração pagará a conta por assalariados repetiram discursos de empresários.
Outro é aquele do estabelecimento em que eu sempre almoço no final de semana. Como é “self service” há aquele senhor que serve bebidas à mesa. Gosta de um diálogo! Mas... nem sempre o mar está para peixe. Eu prefiro meu lado reservado porque com meu pai aprendi que o peixe morre pela boca e com minha mãe que quem fala demais dá bom-dia a cavalo. A vida já adestrou meu lado casmurro que grita “educação em excesso incomoda tanto quanto à falta de educação”. E no mais minha minerice é dada a desconfianças.
Enfim, como senhores experimentamos bem aquilo que diz a canção “ cada um sabe a alegria e a dor de ser o que se é”.
A palavra que designa estes profissionais vem associada ao imaginário significando “rapazes” como requer o francês. Mas nem sempre...
O meu primeiro contato com eles foi lá por volta dos 12 anos. Eu menino bobo, não acostumado com as vivências sociais, fui lá à força velar minha irmã com seu namorado. Isto era rotina, porque na cultura familiar mineira da época moça de família não saia sozinha e muito menos com namorado à tiracolo. O que os vizinhos falariam?! E no mais “a ocasião faz o ladrão”: deixar namorados sair ou ficar sozinhos era dar oportunidade para eles fazerem “bubiça”.
Era carnaval! O namorado viera de “Sunpaulo” e queria impressionar a namorada. Convidou-a para naquele anoitecer fazer um lanche na “À Brasileira” o restaurante mais chique do centro da cidade. E lá fomos nós: ele, ela e a vela, eu!
Refestelamos. Pediu-se a conta. O garçom a trouxe. O namorado pagou tudo e para impressionar deixou o troco na mesa. Ele e ela saíram. Eu achei que aquele dinheiro deixado ali havia sido esquecido. Eu que fiquei para trás peguei o dinheiro para entregar ao seu namorado. Na mesma hora tomei um xingo do garçom: - deixe isto aí, menino! Só depois é que fui entender que aquele dinheiro deixado ali era gorjeta.
E assim a convivência me fez mais entendido das relações com estes necessários profissionais que servem à mesa com toda honradez e dignidade. E pela realidade socioeconômica brasileira nem sempre eles são rapazes. Muitas vezes, senhores dedicados ao seu oficio.
Fui eu naquele outro restaurante noturno que resiste às mudanças e se renova ofertando serviços contemporizando-se frequentado por gente metida à elite. E lá veio aquele senhor garçom acostumado aos discursos de opressores – certamente achando que eu também era um dos tais comensais, ele quis agradar com discursos subservientes a respeito de política. Eu queria só comemorar o aniversário de meu filho e estar em família com meus convidados. Fiz tanto carão que finalmente ele entendeu que eu não estava para lero-lero politiqueiro e discursos comprados e vomitados de opressores que lhe despejavam em seus ouvidos e ele alienado e subalterno repetia salão afora. Este senhor viu toda a história deste estabelecimento se desenrolar com seus direitos garantidos pela CLT que lhe assegurou ali envelhecer. Exemplifica bem a expressão: É prata da casa! Mas se a TERCERIZAÇÃO, que acaba com direitos trabalhistas, ser aprovada, o que acontecerá com as gerações de seus netos, que segundo esta tendência, serão meros prestadores de serviços desvinculados de empresas?! Esta geração pagará a conta por assalariados repetiram discursos de empresários.
Outro é aquele do estabelecimento em que eu sempre almoço no final de semana. Como é “self service” há aquele senhor que serve bebidas à mesa. Gosta de um diálogo! Mas... nem sempre o mar está para peixe. Eu prefiro meu lado reservado porque com meu pai aprendi que o peixe morre pela boca e com minha mãe que quem fala demais dá bom-dia a cavalo. A vida já adestrou meu lado casmurro que grita “educação em excesso incomoda tanto quanto à falta de educação”. E no mais minha minerice é dada a desconfianças.
Enfim, como senhores experimentamos bem aquilo que diz a canção “ cada um sabe a alegria e a dor de ser o que se é”.
Esta crônica é complementar a que você encontra nestes seguintes veículos:
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http://www.barbacenaonline.com.br/noticia/cronica/garcom-apenas-um-rapaz-latino-americano
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http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5915735
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https://www.facebook.com/PoetarPoesiaArte/photos/a.1215819825202855.1073741838.308717219246458/1219299251521579/?type=3&theater
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 24/03/2017
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