A Bolívia de agora

Que a Bolívia não nos sirva de lição e que os ventos de lá soprem para o vácuo do seu próprio precipício. Quando não se cumpre a constituição, democracia nenhuma leva um povo a lugar algum. A ordem deve andar atrás de qualquer projeto de vida, sob o risco de ficar um povo ao relento de sua própria ingovernabilidade. Que nos sirva isso como motivação para que nos aprofundemos em nosso próprio projeto de governabilidade e jamais soframos os reveses que a anarquia oferece sempre a quem a ela se alia.

O crime organizado, o narcotráfico, a desordem social, o desgoverno, tudo isso deve ficar opresso na ponta da baioneta da lei. O banditismo não pode galgar nenhum espaço entre nós, para que não passemos da condição de pátrios cidadãos para fantoches do crime globalizado, desbandeirados e ausentes de qualquer rumo sério.

A imprensa nos mostrou recentemente as imagens de um país nos atropelos de uma guerra civil. Uma centena de inocentes foi vitimados fatalmente. O poder central perdeu seu mandatário, a história registrou a forma desinteressante para todos nós de retirar-se um presidente do poder. Força e desordem se digladiaram nas ruas das principais cidades bolivianas e o saldo, penso eu, não produziu frutos compensadores para nenhuma das partes.

Vivemos num país maravilhoso que ainda está sendo muito incomodado pela desordem do crime organizado. A sociedade tem tentado calar as vozes do desamor, mas tem sido insuficiente sua força. O Congresso tempera medidas que demoram a sair do papel apegadas à burocracia. Tomara possamos, em breve tempo, ver nossos filhos andarem nas ruas de nossas cidades, crendo que seu retorno aos lares não lhes oferece risco.

São tantos os problemas que o Brasil precisa resolver, que isso chega a nos preocupar de uma forma quase intimidatória. O desemprego cresce ao lado da fome, nossas crianças são jogadas nos sinais de trânsito como bichos que esperam apenas a sobrevivência, a polícia perde elementos de sua célula para o crime organizado e o legislativo dividi-se entre o mar e a praia, achando cansativo barrar essas mazelas sociais apenas com a lei. Tomara que, quando se derem conta da gravidade dos fatos, não achem uma Bolívia dentro de nossas ruas e o remédio requerido diante disso não nos seja amargo demais.

É hora de dispensarmos maiores atenções a tudo isso, porque os limites dos homens são desiguais e inconstantes e uma sociedade desassistida não se põe na prateleira à espera de uma arrumação corretiva. Há os fatos na rua bem próximos de nós, amedrontando ricos e pobres, crentes e agnósticos. Cumpre-se uma tomada de conduta bem ajustada ao que se vê de errado: “Dura Lex Sed Lex”.