ACORDA, MENINA! O SINAL JÁ FOI DADO
Certas coisas – acho que a maioria – sempre acontecem inesperadamente. Estou me referindo a pensamentos, pessoas e acontecimentos. Só que neste caso, particularmente a pensamentos. Surgem de uma forma espontânea, sabe-se lá porque.
E foi inesperadamente. Enquanto esperava o sinal abrir. Ansiosa para chegar em casa, quase passando por cima dos outros carros. Afinal já eram dez e meia da noite e, meu corpo pedia um banho, daqueles demorados, que parecem lavar a alma.
Pois é, e foi ali. Que sem saber porque. Comecei a reparar na música que tocava no rádio. Já havia escutado algumas vezes, mas sem muito interesse. Só que ali, parada. Esperando o sinal finalmente abrir, me deixei levar pela canção. Não sei ao certo a real história, mas o que mais me chamou atenção foi ela falar de se reconhecer. Se reinventar. Reacreditar em si mesmo. No amor. Na vida. Em si mesmo.
Me deparei naquela canção. Me vi pensamento nas coisas precipitadas que fazemos. De desdobrar para agradar alguém. Sobre fechar os olhos, ignorar tudo ao redor para estar apenas ao lado de uma – que em algum momento faz parecer certo essas atitudes. Desacreditar que você é capaz. Deixar de querer a si mesmo.
E isso, acaba te consumindo por dentro. Fazendo com que você precise parar em algum momento. Respirar. Se perceber. Deixar todos os compromissos de lado. Pensar somente em você. Afinal, depois de tanta coisa acumulada, seu corpo pede isso. Sem falar da alma.
É preciso se reconhecer, novamente. Se refazer. Tirar toda mágoa. Medo. Tudo de ruim. Voltar a ser quem de melhor você é. Presa nesses pensamentos. Focada nos trechos daquela música. Mal percebi que o sinal já estava verde. Só fui me reconectar quando o senhor do Sedan preto começou a buzinar. Impaciente com a minha demora, parecia dizer:
_ “Acorda pra vida! Acelere esse carro!”
Engatei a macha e acelerei. Acelerei não só o carro. A vida também, aproveitando todos os sinais verde que a vida tem a oferecer. Porque da próxima vez que “enxergar verdade” em alguém, que me faça transbordar – por favor -. De amor. De felicidade. E o essencial: que eu nunca esqueça de transbordar de amor próprio.
Com esse pensamento, aumentei o volume, entonando a voz no refrão que perfeitamente Anavitória cantava:
“Agora eu quero ir
Pra me reconhecer de volta
Pra me reaprender e me apreender de novo
Quero não desmanchar com teu sorriso bobo
Quero me refazer longe de você”