UM PINGO DO TEMPO.
Engraçado, hoje me deu vontade de escrever, sabe aquele dia que bate uma necessidade de passar o passado a limpo, pois é. Estava eu olhando para o nada, porque ,o nada é um bosque por onde passam várias lebres. Quem de vez em quando se atreve a tirar um precioso minuto de sua vida para a insignificância do nada, corre o risco de se dar bem, é deste ambiente obscuro que agente acorda para fatos de décadas.
Então, quando me vem este desejo, eu sempre ponho os pés na estrada, e ali dava para levantar varias lebres. Mas , escuta, meu pensamento é um cão de caça. Não é todo dia que ele desencova uma historia como esta.
Vou chama-la de Veridiana, não me pergunte , nem eu sei porque optei por esse nome, achei bonito para ganhar o corpo leve de uma crônica . É logico , seu nome é outro, e sei, se ela um dia ler este texto é possível que ela amarre a carapuça.
Então, vamos lá dar cor a tal ponto. Ela tinha algumas manias, se colocava como a única estrela daquelas grotas. É verdade, ali poucas estrelas brilhavam , e tinha estrelas que nem brilhavam devido seu grau elevado de acanhamento. Por motivo que não me lembro, acabei dando de cara com ela, só me lembro ,ela trajava um vestido de chita amarelado.
Me olhou de meia jota, corou levemente as maçãs do rosto, e foi se retirando levemente. Notei nela um certo ar de malicias , ainda hoje suponho, mas não sei o certo o grau de sua vibração, mas que vibrou, isso ela vibrou. Engraçado ,hoje ela conta bons janeiros, mas ainda a vejo indo toda cheia de “piolho de galinha”, pois bem, vamos lá, me lembro, ela era a cereja do arraial, a lua cortejada por vários olhos, a bula mais gostosa de se ler. Sabe leitor, aquela coisinha que faz mais claro nossos dias, pois é, era ela.
Passado dias ou meses, não me lembro, faz tanto tempo, não é que me aparece uma amiga , que era bela mas longe de ter seus temperos, e meio acanhada me disse: Sabe, Veridiana quer ter com você um dedo de prosa, acho, quer dizer , acho não, ela esta querendo florescer em seu jardim.
Confesso, senti um abalo, fiquei sem resposta, mas em mim uma voz dizia, oh zé, consciência, você está em outra empreitada. Assim deixei aquele ar me banhar, sem me perder.
Como o tempo é lépido ,passa num piscar de olhos, hoje não sei porque, mas, me veio aquela vontade de recuar e botar os pés lá no inicio da trajetória, na verdade os pés não, mas as mãos, porque os pés, seria minha maior viagem, jamais colocaremos os pés no passado. O passado as vezes mora tão longe. Mas as mãos , esta, sim ,é um belo instrumento de revelação. Confesso, não tive outra opção, a vontade foi maior que meu cansaço. Disparei pelas páginas, só para satisfazer minhas vontades.