CARRO, PRA QUE CARRO?

Carro, pra que carro? [- Da série infinita chamada "Dilemas da vida moderna"]...

...quando há o ônibus, a maravilha coletiva! Calor humano, passagens mais em conta que galões de gasolina, um barulho gostoso, conversas para se atualizar caso não tenha havido tempo de ler o jornal (aliás, você pode ler o jornal!), nada de preocupações como "onde foi que eu deixei aquela maldita chave?", a certeza de que sempre haverá uma vaga, porque o ponto é um local dinâmico e onde não há flanelinhas enchendo a paciência, a opção pelo fone de ouvido e a música alta ou falar ao celular sem multa, a impossibilidade prática de ser multado por pardais (ônibus, com tanta massa falida, dificilmente passam de 80km/h), fora a despreocupação com furtos de aparelhos de som! E tem mais: se quebrar, não é você que leva no mecânico, e o passageiro pode descer pedindo a devolução do "ingresso" (direitos do consumidor); ver os carros de cima; xingar no anonimato; treinar o equilíbrio; desenvolver os músculos das pernas; praticar o uso do varal de sua área de serviço ao puxar a cordinha que não acende o sinal de descida; paquerar; fornicar (!); e, é óbvio, nunca se irritar com motoristas de ônibus no trânsito, porque, sabemos, a irritação depende do referencial, e só odeia o motorista quem está do lado errado!