Os Imortais
Como temos os grandes vultos do cinema, da medicina, da pintura, das invenções e das descobertas científicas, temos, também, os grandes vultos do esporte, e principalmente do futebol.
Em minha opinião, fazer uma seleção dos “imortais” do futebol é muito difícil de conseguir agradar a todos. Porém, como eu vi muito futebol, ouvi muito sobre o futebol, e li muitas coisas relativas ao futebol brasileiro, espero errar o menos possível.
Mas a minha seleção seria esta, visto que todos os jogadores colocados fizeram muito pelo Brasil.
Vamos começar pelo goleiro. Gilmar dos Santos Neves, bicampeão mundial de futebol, quando o Brasil ainda se ressentia da derrota em casa para o Uruguai, na Copa de 1950.
As conquistas de 1958 e de 1962 vieram amenizar aquela amarga lembrança.
Nas laterais dois super craques que vieram dar a essas posições algo de artístico e objetivo: Djalma Santos e Nilton Santos. Na direita e na esquerda, respectivamente.
Como zagueiro central um craque que serviu de modelo a todos os outros zagueiros que vieram depois dele: Domingos da Guia, que assombrou a Europa na Copa do Mundo de 1938, na França.
Como médio volante o bicampeão do mundo Zito (José Eli de
Miranda). Jogador técnico, inteligente, valente. Muito bom.
Como centro médio um craque que tinha tudo para não ser jogador de futebol. Era muito franzino e num acidente foi atropelado por um automóvel e fraturou suas duas pernas, com muita gravidade. Na época, início dos anos 40 do século XX, era ainda juvenil. Depois de 18 meses voltou a jogar. Atuou pelo América F.C. do RJ, depois passou pelo Canto do Rio F.C., de Niterói, depois C. R. Vasco da Gama, onde se consagrou. Jogou ainda pelo Botafogo de F. R. Seu nome: Danilo Alvin, que depois receberia o apelido de “o Príncipe”. Era muito clássico, tinha muita visão de jogo e estava sempre bem colocado, Era uma segurança para a defesa.
Em minha opinião não tinha concorrentes.
Na linha de atacantes “imortais” eu coloquei: Garrincha, Eduardo Lima, Leônidas da Silva, Pelé e Carreiro. Creio que Garrincha, Leônidas e Pelé são nomes incontestáveis. Vamos tentar justificar a presença de Eduardo Lima e de Carreiro.
Eu afirmo que Eduardo Lima, além de ser um craque consagrado era também, o mais disciplinado e leal jogador do futebol brasileiro. Nunca sofreu uma admoestação, ou foi expulso de campo. Era um craque pois atuava muito bem em todas as posições.
Numa foto muito antiga de uma revista esportiva, vemos o juiz Mario Vianna e Eduardo Lima se cumprimentando antes de uma partida.
Vale dizer que Mario Vianna era o melhor juiz de futebol do Brasil, naquela época, anos 1940. Naquela época não existiam os cartões de hoje.
Antes das partidas Mario Vianna fazia uma preleção aos 22 jogadores. Ele dizia mais ou menos assim: “Vocês estão vendo esse público que está ali? Eles vieram assistir a uma grande partida de futebol. Aquele de vocês que não estiver se portando com lealdade, eu irei expulsar de campo. Eu não chamarei a polícia. Eu mesmo tirarei de campo o indisciplinado.”
Eduardo Lima foi craque da S. E. Palmeiras.
Quanto a Carreiro, ponta esquerda do Fluminense F.C., do Rio de Janeiro, que jogou nos anos 40, depois de atuar muitas vezes contra argentinos, uruguaios e paraguaios, pela seleção Brasileira, era tido pelos cronistas esportivos desses países como o melhor ponteiro esquerdo do mundo.