DE BRAÇOS ABERTOS
Diário de minhas andanças
18/06/2011
foto do autor:
Praçinha do Cristo - Rebouças PR
“ ...No Corcovado quem abre os braços sou eu...”
Belchior estava iluminado quando compôs ”Paralelas”. Especialmente neste trecho da melodia quando a inspíração o coloca de braços abertos sobre o morro.
Seguindo o conhecido ditado popular :”Quem não tem cão caça com gato” eis-me aqui,na maior cara de pau,tentando igualar-me ao cantor famoso.
Há neste momento,e bem à minha frente, um Cristo num mesmo gesto do outro (aquêle do Rio) olhando uma cidadezinha minúscula,encolhida no frio do começo de noite.
Não!...Não é a minha cidade,mas é tão próxima e tão acolhedora que a considero como extensão daquela em que resido.
Nada além de uns 20 minutos por uma rodovia com pouco movimento e chega-se até ela.
Cadeiras espalhadas pelas calçadas,rodas de chimarrão e grandes “lagarteadas” em manhãs de geada,a fazem detentora (e com merecimento) do título de “Capital da amizade”.
Um rio a lhe dividir ao meio dá o charme necessário.Até mesmo quando transborda causando alagamentos , bandos de garças distraindo a atenção não lhe deixam perder a pose.
Casas muito antigas mescladas à construções modernas vão delineando suas ruazinhas agora pavimentadas.
Uma praça ao lado da estação rodoviária,linha férrea e estação de trens,desativados, uma praçinha pequena bem no alto,de onde o Cristo espia seus protegidos.
É exatamente aqui onde agora me encontro.Das poucas moradias ao redor,tudo o que se observa são casas fechadas,pessoas resguardadas do frio e do vento.A excessão fica por conta de uma janela,na direção em que estacionei,de onde observo um casal diante de uma tela de TV.
Pela intensidade das gargalhadas a piada deve ter sido muito interessante.
De resto, dois garotos desafiando a baixa temperatura num dos brinquedos do parque e eu,absorto na transição tarde/noite sob um céu de caqui que presumo importado de trás dos montes da terrinha de onde vim.
Pensativo,o Cristo vislumbra o casario a seus pés.
Do ângulo que lhe observo o seu perfil desenha-se em negro entre o arvoredo e aquêle fundo de céu de outono me absorve por inteiro.
Um "click" na câmera e a pretensão de igualar-me ao cantor famoso,ainda que anos luz separem os cenários de nossas inspirações.
Êle,no glamour da cidade maravilhosa,abrindo os braços no morro do Corcovado.
E , como à quem não tem cão resta a opção de caçar com gato,eis-me aqui,na singeleza destes confins do Sul abrindo os braços na praçinha do Cristo.
Porém,se medidas as emoções,quero crer Belchior e eu tê-las sentido na mesma proporção,até porque,emoções independem de grandezas de cenários.
Pensando assim,retorno ao carro cantarolando baixinho:
Nesta praçinha,quem abre os braços sou eu...
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
03/07/2011 15:54 - uma abelhinha de irati [não autenticado]
pois é...belchior foi feliz na descriçao citada homenageando uma cidade maravilhosa como é o rio de janeiro porem felicidade plena é ler e sentir o que tua sensibilidade nos diz atraves dessas palavras... ah Rebouças,maninha de Irati,como era gostoso pegar o trem nas manhãs ensolaradas e ir passar o dia por lá...a viagem era curta é verdade mas a sensação de estar'' viajando de trem'' era indescritivel e se pudesse voltar por instantes ao passado, podem ter certeza;estaria dentro de um trem...
25/06/2011 13:50 - Lilian Reinhardt
Caminhando na emoção desse olhar/ah, como nos transporta cada um de seus passos nesse imenso abraço sobre Rebouças...grata pela partilha! abços
22/06/2011 23:39 - Giustina
Tens razão, Joel! O que valem são as emoções que as coisas nos despertam. Tua sabedoria para descrever um cenário nos leva a vivenciar contigo tuas emoções.
20/06/2011 19:09 - Layara
num céu de caqui abres os braços ao infinito! que coisa mais linda Joel! grande abraço
20/06/2011 11:43 - Sunny L (Sonia Sancio Landrith)
Joel, sabe o que sinto quanto eu leio você? A sensação de ver você escrevendo. A emoção fala alto nessas horas. Amo vir aqui. De braços abertos sinceros e bonitos, você não somente é um excelente cronista como uma PESSOA magnífica. Gosto de você demais. Boa semana, Sunny
19/06/2011 19:57 -
Abriu os braços numa crônica hiper inspirada! Ainda bem que não foi por medo de avião! Abs!
19/06/2011 19:12 - Anita D Cambuim
O símbolo de fé é tão importante ali como acolá. Que ao abrir os braços, o seu coração tenha sido tocado e que a sua semana seja muito especial!
19/06/2011 11:12 - Leonilsson
Certamente um felino de faro muito desenvolvido e olhar privilegiado, muito melhor do que o cão do dito popular esse que Você usou nessa magnífica crônica.
19/06/2011 09:28 - Maria Olimpia Alves de Melo
Um céu de caqui...coisa mais linda! Vc não deve nada ao cantor/compositor famoso: só não é famoso. Ainda.E aqui em meu quarto, nessa manhã fria, quem ergue os braços sou eu...
Diário de minhas andanças
18/06/2011
foto do autor:
Praçinha do Cristo - Rebouças PR
“ ...No Corcovado quem abre os braços sou eu...”
Belchior estava iluminado quando compôs ”Paralelas”. Especialmente neste trecho da melodia quando a inspíração o coloca de braços abertos sobre o morro.
Seguindo o conhecido ditado popular :”Quem não tem cão caça com gato” eis-me aqui,na maior cara de pau,tentando igualar-me ao cantor famoso.
Há neste momento,e bem à minha frente, um Cristo num mesmo gesto do outro (aquêle do Rio) olhando uma cidadezinha minúscula,encolhida no frio do começo de noite.
Não!...Não é a minha cidade,mas é tão próxima e tão acolhedora que a considero como extensão daquela em que resido.
Nada além de uns 20 minutos por uma rodovia com pouco movimento e chega-se até ela.
Cadeiras espalhadas pelas calçadas,rodas de chimarrão e grandes “lagarteadas” em manhãs de geada,a fazem detentora (e com merecimento) do título de “Capital da amizade”.
Um rio a lhe dividir ao meio dá o charme necessário.Até mesmo quando transborda causando alagamentos , bandos de garças distraindo a atenção não lhe deixam perder a pose.
Casas muito antigas mescladas à construções modernas vão delineando suas ruazinhas agora pavimentadas.
Uma praça ao lado da estação rodoviária,linha férrea e estação de trens,desativados, uma praçinha pequena bem no alto,de onde o Cristo espia seus protegidos.
É exatamente aqui onde agora me encontro.Das poucas moradias ao redor,tudo o que se observa são casas fechadas,pessoas resguardadas do frio e do vento.A excessão fica por conta de uma janela,na direção em que estacionei,de onde observo um casal diante de uma tela de TV.
Pela intensidade das gargalhadas a piada deve ter sido muito interessante.
De resto, dois garotos desafiando a baixa temperatura num dos brinquedos do parque e eu,absorto na transição tarde/noite sob um céu de caqui que presumo importado de trás dos montes da terrinha de onde vim.
Pensativo,o Cristo vislumbra o casario a seus pés.
Do ângulo que lhe observo o seu perfil desenha-se em negro entre o arvoredo e aquêle fundo de céu de outono me absorve por inteiro.
Um "click" na câmera e a pretensão de igualar-me ao cantor famoso,ainda que anos luz separem os cenários de nossas inspirações.
Êle,no glamour da cidade maravilhosa,abrindo os braços no morro do Corcovado.
E , como à quem não tem cão resta a opção de caçar com gato,eis-me aqui,na singeleza destes confins do Sul abrindo os braços na praçinha do Cristo.
Porém,se medidas as emoções,quero crer Belchior e eu tê-las sentido na mesma proporção,até porque,emoções independem de grandezas de cenários.
Pensando assim,retorno ao carro cantarolando baixinho:
Nesta praçinha,quem abre os braços sou eu...
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
03/07/2011 15:54 - uma abelhinha de irati [não autenticado]
pois é...belchior foi feliz na descriçao citada homenageando uma cidade maravilhosa como é o rio de janeiro porem felicidade plena é ler e sentir o que tua sensibilidade nos diz atraves dessas palavras... ah Rebouças,maninha de Irati,como era gostoso pegar o trem nas manhãs ensolaradas e ir passar o dia por lá...a viagem era curta é verdade mas a sensação de estar'' viajando de trem'' era indescritivel e se pudesse voltar por instantes ao passado, podem ter certeza;estaria dentro de um trem...
25/06/2011 13:50 - Lilian Reinhardt
Caminhando na emoção desse olhar/ah, como nos transporta cada um de seus passos nesse imenso abraço sobre Rebouças...grata pela partilha! abços
22/06/2011 23:39 - Giustina
Tens razão, Joel! O que valem são as emoções que as coisas nos despertam. Tua sabedoria para descrever um cenário nos leva a vivenciar contigo tuas emoções.
20/06/2011 19:09 - Layara
num céu de caqui abres os braços ao infinito! que coisa mais linda Joel! grande abraço
20/06/2011 11:43 - Sunny L (Sonia Sancio Landrith)
Joel, sabe o que sinto quanto eu leio você? A sensação de ver você escrevendo. A emoção fala alto nessas horas. Amo vir aqui. De braços abertos sinceros e bonitos, você não somente é um excelente cronista como uma PESSOA magnífica. Gosto de você demais. Boa semana, Sunny
19/06/2011 19:57 -
Abriu os braços numa crônica hiper inspirada! Ainda bem que não foi por medo de avião! Abs!
19/06/2011 19:12 - Anita D Cambuim
O símbolo de fé é tão importante ali como acolá. Que ao abrir os braços, o seu coração tenha sido tocado e que a sua semana seja muito especial!
19/06/2011 11:12 - Leonilsson
Certamente um felino de faro muito desenvolvido e olhar privilegiado, muito melhor do que o cão do dito popular esse que Você usou nessa magnífica crônica.
19/06/2011 09:28 - Maria Olimpia Alves de Melo
Um céu de caqui...coisa mais linda! Vc não deve nada ao cantor/compositor famoso: só não é famoso. Ainda.E aqui em meu quarto, nessa manhã fria, quem ergue os braços sou eu...