BRUNO-O IMPERDOÁVEL
No filme “Os Imperdoáveis”, de 1992, o pistoleiro aposentado Will Muny, interpretado por Clint Eastwood, é um assassino que “já matou tudo que se move”, inclusive mulheres e crianças. Ao tentar consolar o seu jovem comparsa, que acabava de cometer o seu primeiro assassinato, ele diz: “Matar uma pessoa é uma coisa danada. Você tira dela tudo que ela tem e o que poderia ter”.
Essa fala me veio á memória ao ler a entrevista dada pelo goleiro Bruno á Folha de São Paulo, na qual ele reclama das críticas que estão sendo feitas ao Boa Esporte pela sua contratação, e reivindica o seu direito á uma chance de reconstruir sua vida.
Em nenhum momento ele se confessa culpado e nem pede perdão pelo crime brutal que cometeu, como mandante e co-executor do assassinato de uma jovem que tivera um filho dele e estava apenas exigindo o seu direito á uma pensão alimentícia.
Bruno é o retrato de um país sem ética, sem alma, sem caráter, onde a chicana jurídica e a manipulação das normas em favor de uma positividade duvidosa cancelam a finalidade moral e social da lei em favor da mera burocracia processual.
Claro que direito á reconstruir a vida ele tem. Todo mundo, independente do erro que comete, tem. Até Cain teve. Deus só o puniu com o exílio e uma marca na testa pelo assassinato do seu irmão Abel. Cain reconstruiu sua vida e gerou uma família que fez sua história na Bíblia. Bruno também vai criar a sua e ficará na história das mazelas jurídicas deste país, que por conta da negligência de um juiz, permitiu a outro juiz, este do Supremo Tribunal Federal, mandar libertar o autor de um crime tão bárbaro, somente porque um magistrado preguiçoso engavetou o seu recurso e deu abertura para que ele reivindicasse a liberdade por falta de julgamento.
Como sempre, cumpra-se o direito e dane-se a justiça. Na verdadeira Babel kafkiana que se tornou o sistema jurídico brasileiro, a burocracia do processo é mais importante que o valor ético da norma, e a decisão monocrática de um juiz se sobrepõe à de um júri popular, que por suposto, representa o opinião da sociedade sobre o assunto.
Tudo bem que Deus perdoou Cain e permitiu que ele reconstruísse a sua vida. Bruno também tem esse direito. Mas a marca do assassino jamais será lavada da sua testa, assim como nunca foi apagada da testa do matador de Abel. Toda vez que ele entrar em campo haverá alguém para cobrar dele esse crime.
Cabe lembrar que a pobre moça que foi assassinada, retalhada e teve seu corpo devorado pelos cães do goleiro, como a Jezebel bíblica, está irremediavelmente morta.
A chance de uma reabilitação é um direito inalienável de toda criatura humana. Mas quanto á moça, de quem tudo que tinha e poderia ter foi tirado, quem irá fazer justiça á ela? Será preciso chamar outro assassino para fazer isso, como no clássico de Clint Eastwood?
No filme “Os Imperdoáveis”, de 1992, o pistoleiro aposentado Will Muny, interpretado por Clint Eastwood, é um assassino que “já matou tudo que se move”, inclusive mulheres e crianças. Ao tentar consolar o seu jovem comparsa, que acabava de cometer o seu primeiro assassinato, ele diz: “Matar uma pessoa é uma coisa danada. Você tira dela tudo que ela tem e o que poderia ter”.
Essa fala me veio á memória ao ler a entrevista dada pelo goleiro Bruno á Folha de São Paulo, na qual ele reclama das críticas que estão sendo feitas ao Boa Esporte pela sua contratação, e reivindica o seu direito á uma chance de reconstruir sua vida.
Em nenhum momento ele se confessa culpado e nem pede perdão pelo crime brutal que cometeu, como mandante e co-executor do assassinato de uma jovem que tivera um filho dele e estava apenas exigindo o seu direito á uma pensão alimentícia.
Bruno é o retrato de um país sem ética, sem alma, sem caráter, onde a chicana jurídica e a manipulação das normas em favor de uma positividade duvidosa cancelam a finalidade moral e social da lei em favor da mera burocracia processual.
Claro que direito á reconstruir a vida ele tem. Todo mundo, independente do erro que comete, tem. Até Cain teve. Deus só o puniu com o exílio e uma marca na testa pelo assassinato do seu irmão Abel. Cain reconstruiu sua vida e gerou uma família que fez sua história na Bíblia. Bruno também vai criar a sua e ficará na história das mazelas jurídicas deste país, que por conta da negligência de um juiz, permitiu a outro juiz, este do Supremo Tribunal Federal, mandar libertar o autor de um crime tão bárbaro, somente porque um magistrado preguiçoso engavetou o seu recurso e deu abertura para que ele reivindicasse a liberdade por falta de julgamento.
Como sempre, cumpra-se o direito e dane-se a justiça. Na verdadeira Babel kafkiana que se tornou o sistema jurídico brasileiro, a burocracia do processo é mais importante que o valor ético da norma, e a decisão monocrática de um juiz se sobrepõe à de um júri popular, que por suposto, representa o opinião da sociedade sobre o assunto.
Tudo bem que Deus perdoou Cain e permitiu que ele reconstruísse a sua vida. Bruno também tem esse direito. Mas a marca do assassino jamais será lavada da sua testa, assim como nunca foi apagada da testa do matador de Abel. Toda vez que ele entrar em campo haverá alguém para cobrar dele esse crime.
Cabe lembrar que a pobre moça que foi assassinada, retalhada e teve seu corpo devorado pelos cães do goleiro, como a Jezebel bíblica, está irremediavelmente morta.
A chance de uma reabilitação é um direito inalienável de toda criatura humana. Mas quanto á moça, de quem tudo que tinha e poderia ter foi tirado, quem irá fazer justiça á ela? Será preciso chamar outro assassino para fazer isso, como no clássico de Clint Eastwood?