O PALCO DA EDUCAÇÃO: DESAFIOS E DESCOBERTAS DE UM PROFESSOR (“Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem.” - Karl Kraus.)
Aqui estou eu, um professor, a narrar as minhas experiências no mundo da educação. Lembro-me de um dia em que apliquei uma prova aos alunos do ensino fundamental. No entanto, mesmo após o término do tempo marcado para a prova, os alunos não puderam sair, apesar de ser o último horário. Questionava-me se a coordenadora era realmente amiga do professor, pois parecia não querer facilitar o seu trabalho e permitir a concentração dos que ainda não haviam terminado a prova. Os alunos que já terminaram, ao invés de se ocuparem com outra coisa, aproveitando o tempo, preferiam conversar e distrair os demais. A coordenadora, ingênua e sem autonomia, temendo a descoberta da secretaria, ordenou-me que eu resolvesse o problema aplicando outra atividade aos que já haviam terminado, para mantê-los ocupados. No entanto, eles estavam cansados e querendo sair mais cedo, tornando-se improdutivos em qualquer atividade proposta.
Enquanto eu tentava controlar esses alunos apressados, deveria estar orientando os que ainda estavam a fazer a prova ou valorizando o silêncio. Parecia-me que, para a coordenadora, a sua função era eliminar os problemas no seu turno, evitando a movimentação, sem se preocupar com a construção do aprendizado ou a fluência na sala, forçando uma situação antididática para se mostrar no controle.
Também vivenciei incoerências no combate ao preconceito linguístico nas dependências escolares. Não faz sentido estudar a língua padrão se não a usamos no dia-a-dia. Por que a escola a ensina, se não precisamos aplicar o que aprendemos lá?
No fechamento dos bimestres escolares, percebi uma incongruência. O aluno entra na fila para mostrar ao professor o caderno sem atividades prontas, numa tentativa de suborno ou de enganar. “Joãozinho sem braço” parece-me que também não tem cabeça!
As inconveniências se repetem. O aluno falta à aula, faz-se a chamada para constatar o fato, e temos que registrar o motivo da falta. Então o aluno mente para não ter que se submeter ao ridículo, não querendo dizer que estava com disenteria para a classe toda. Uma atitude antiética e sem profissionalismo.
É uma grande inconsequência ser coordenadora em um turno e professora em outro na mesma unidade escolar. Parece que são duas pessoas. Primeiro, é coagida a se mostrar forte, “sabichona” e controladora, disfarçada de professora é a coordenadora; já enquanto professora concursada, finge ser amiga dos colegas, chegando a falar mal do coordenador deste turno, no qual ela funciona como professora.
A maioria dos contratos temporários da educação tornar-se-á efetivo, fase da vingança pelo cabresto curto e de quando explorado pelo sistema. A desconexão, nesse caso, é o diretor beneficiado pela submissão do pró-labore não permanecer para assumir suas consequências. Aí fica valendo o dito popular: “Quem casa com a viúva assume os filhos”. Essa é a sina do outro diretor interventor.
A maior discrepância é a escola obrigar o professor a devolver a prova corrigida para o aluno, sendo esta um documento a favor do professor, que terá de justificar a nota ao aluno, visto que este sempre duvida da honestidade do professor e o questiona.
Agora, olhando para trás, vejo que cada experiência me moldou e me fez crescer como educador. Aprendi que, por mais desafiador que seja, é importante manter a ética e o profissionalismo. E, acima de tudo, é essencial lembrar que estamos ali para construir o aprendizado e não apenas para resolver problemas. A educação é uma jornada, e cada passo conta. E, como professor, tenho o privilégio de fazer parte dessa jornada.