FESTIVAL DE BALLET
Hoje eu vou contar a história dessa foto. Foi o festival de ballet mais inesquecível da minha vida pela maneira como as coisas aconteceram.
Essa dança era flamenco ( flamenco é a música, o canto e a dança cujas origens remontam às culturas cigana e mourisca com influência árabe e judaica ) O ano acho que 1967,eu tinha portanto dezesseis anos.
Estávamos ensaiando no Cine São Pedro desde as nove horas da manhã. O festival seria a noite e estávamos atrasados com minha coreografia. A dança estava incompleta, minha professora Dona Madalena estava exausta e bastante nervosa e o a tarde estava acabando. Marcos Amaral ( meu companheiro e pianista ) já tinha repetido meu acompanhamento musical inúmeras vezes, mas eu ( ansiosa pelo pouco tempo que tinha ) estava com dificuldades para decorar os movimentos.
No ensaio geral,Dona Madalena dava preferência para as dançarinas pequenas, que exigiam mais atenção e disciplina. E também porque criança cansa mais rápido, ensaiávamos as crianças primeiro para dispensá-las para casa. Nós as mais velhas ficávamos para depois.
Eu e Marcos Amaral sentimos que Dona Madalena estava preocupada com minha dança porque o tempo era curto. Já eram três horas da tarde e o festival estava marcado para oito horas da noite. Faltavam vários compassos musicais para serem preenchidos com coreografia flamenca.
De repente não sei se para descontrair o clima, ou brincar um pouco,Marcos Amaral começo a tocar no piano New York,New York…e eu fui no embalo, sapateando na brincadeira e descontraida. Dona Madalena se irritou de tal maneira com nossa falta de foco e profissionalismo na situação,que se destemperou e lascou-nos um sermão bastante duro. Em seguida abraçou a bolsa e foi embora.
Eu e Marcos Amaral olhamos um para o outro com cara de “uai " e ficamos em silencio absoluto,perplexos pelo gesto de Dona Madalena ( que estava coberta de razão e muito exausta )
Achávamos que ela voltaria depois, mais tarde… mas…o tempo passou…passou…e Dona Madalena não voltou !
Quando caiu nossa ficha, eu e Marcos resolvemos respirar fundo e encarar a realidade. Ou a gente resolvia o problema ou minha dança ia ser um fracasso e eu ia fazer um papelão ou talvez nem dançasse. Mas no proclama meu nome já estava lá. A dança flamenca era apenas mais uma das três que eu deveria dançar.
Foi um sufoco, mas também foi a maior lição da minha vida.Eu e Marcos saímos do cinema as seis e meia da tarde com a dança completa,decorada e aprimorada com varias improvisações minhas, inclusive no sapateado. Foi meu ritual de iniciação.
O MESTRE APARECE QUANDO ESTAMOS PRONTOS / SUFOCO QUE ME TROUXE APRENDIZADO
Maria da Penha V Boselli* / 2017
Hoje eu vou contar a história dessa foto. Foi o festival de ballet mais inesquecível da minha vida pela maneira como as coisas aconteceram.
Essa dança era flamenco ( flamenco é a música, o canto e a dança cujas origens remontam às culturas cigana e mourisca com influência árabe e judaica ) O ano acho que 1967,eu tinha portanto dezesseis anos.
Estávamos ensaiando no Cine São Pedro desde as nove horas da manhã. O festival seria a noite e estávamos atrasados com minha coreografia. A dança estava incompleta, minha professora Dona Madalena estava exausta e bastante nervosa e o a tarde estava acabando. Marcos Amaral ( meu companheiro e pianista ) já tinha repetido meu acompanhamento musical inúmeras vezes, mas eu ( ansiosa pelo pouco tempo que tinha ) estava com dificuldades para decorar os movimentos.
No ensaio geral,Dona Madalena dava preferência para as dançarinas pequenas, que exigiam mais atenção e disciplina. E também porque criança cansa mais rápido, ensaiávamos as crianças primeiro para dispensá-las para casa. Nós as mais velhas ficávamos para depois.
Eu e Marcos Amaral sentimos que Dona Madalena estava preocupada com minha dança porque o tempo era curto. Já eram três horas da tarde e o festival estava marcado para oito horas da noite. Faltavam vários compassos musicais para serem preenchidos com coreografia flamenca.
De repente não sei se para descontrair o clima, ou brincar um pouco,Marcos Amaral começo a tocar no piano New York,New York…e eu fui no embalo, sapateando na brincadeira e descontraida. Dona Madalena se irritou de tal maneira com nossa falta de foco e profissionalismo na situação,que se destemperou e lascou-nos um sermão bastante duro. Em seguida abraçou a bolsa e foi embora.
Eu e Marcos Amaral olhamos um para o outro com cara de “uai " e ficamos em silencio absoluto,perplexos pelo gesto de Dona Madalena ( que estava coberta de razão e muito exausta )
Achávamos que ela voltaria depois, mais tarde… mas…o tempo passou…passou…e Dona Madalena não voltou !
Quando caiu nossa ficha, eu e Marcos resolvemos respirar fundo e encarar a realidade. Ou a gente resolvia o problema ou minha dança ia ser um fracasso e eu ia fazer um papelão ou talvez nem dançasse. Mas no proclama meu nome já estava lá. A dança flamenca era apenas mais uma das três que eu deveria dançar.
Foi um sufoco, mas também foi a maior lição da minha vida.Eu e Marcos saímos do cinema as seis e meia da tarde com a dança completa,decorada e aprimorada com varias improvisações minhas, inclusive no sapateado. Foi meu ritual de iniciação.
O MESTRE APARECE QUANDO ESTAMOS PRONTOS / SUFOCO QUE ME TROUXE APRENDIZADO
Maria da Penha V Boselli* / 2017