Crônica dos Vinte e dois
Para ser bem sincera, tenho vontade de voltar aos 15, 16,17 e aos 18 anos para viver com um pouco mais de intensidade, talvez beijar mais na boca, aproveitar mais os momentos com amigos, aproveitar aquela coca-cola depois da aula. Falaria para escutar muito mais Legião Urbano limpando a casa, sem culpa de sua mãe chegar e ainda estar uma bagunça, pois, estava dançando e interpretando suas peças teatrais. Talvez as leituras devessem ser mais de contos infanto-juvenis, claro, sem excluir as obras de política.
Imagino aquela garota estranha e chata, aluna nota nove, que não gostava de faltar aula, aquela garota que começou a trabalhar cedo e passou por varias situações de gente grande. Gostaria de ter a oportunidade de mostrar a ela na tela do tablet o quanto hostesta permaneceu, quanta gente bacana conheceu e quanta coisa fez.
Ela se achava tão madura para sua idade, mas na verdade ela só estava sendo resiliente, pois, a maturidade ainda é um percurso longo e gradativo a ser percorrido, até porque mesmo tendo vinte e dois anos com o pé nos vinte e três ela ainda não sabe lidar com frustrações do cotidiano.
Foi bom ela não ter aceitado a bolsa de estudos para o curso de Engenharia Ambiental, foi bom ela não ter insistido em entrar para o ITA, foi bom ela ter saído de casa cedo para assumir realmente o que ela é! Desbravou o ‘’mundo’’ até aqui e ainda terá muitas pedras e flores pelos caminhos. Mesmo querendo voltar para intensificar as coisas no ontem, o hoje é tão mais maravilhoso do que o idealizado.
Quem sabe o amanhã também está querendo me falar algo, me mostrar às coisas que aprontei e vivenciei. O dia depois de amanhã me causa sofrimento, assim como os 22 anos me causava ansiedade quanto tinha 15 anos. O que me resta é aquecer os motores do hoje e produzir com qualidade, vivendo um dia de cada vez e aprendendo com esse universo de adulto jovem.