Ressuscitai Bezerra da Silva
Foi-se o preconceito contra o homem do morro, da favela, da periferia, achando que, por ser pobre, era mais vulnerável a ações delituosas. Ainda no tempo de Bezerra da Silva já se sabia que o homem bem vestido, elegante, culto, falante, morador de bairros nobres, da alta esfera social, ensejou-lhe o refrão: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.” E hoje, ainda nesse meio, está o rico, o bilionário, que nem precisaria estar envolvido em falcatruas para usufruir dos seus mais confortáveis bens materiais. Como não há limites para a medida do ter, a ânsia do homem para o “sempre mais” leva-o a uma degradação moral.
Cresce, cada vez mais, a lista dos engravatados que se perdem no caminho da virtude, enveredando-se por trilhas tortuosas, pelo desprezo à ética e à moral.
E, como resultado, pode trocar aquele traje elegante por um roupão mal acabado, característico de um presidiário, fazendo com que, ao deitar-se no seu beliche, venha a mais cruel reflexão: “eu era feliz e não sabia”.
E o sambista, se ressuscitado, iria repetir o seu refrão, aplaudido pelos seus milhões de fãs em todo o Brasil.