Goleiro Bruno Entre o ataque e a defesa
Bruno Fernandes é um cidadão de trinta e dois anos, sendo que os sete últimos foram vividos atrás das grades, acusado pelo assassinato da modelo Eliza Samudio. Hoje Bruno desfruta de uma liberdade imposta por liminar do Ministro Marco Aurélio Mello do STF. Até quando? Só iremos saber na próxima página deste polêmico “romance policial.” Por enquanto o circo pega fogo com defensores e acusadores se manifestando nas redes sociais e em portas de botecos. No meio das chamas está o Boa Esporte Clube da cidade de Varginha-MG, equipe de futebol que acaba de fazer um contrato de risco com o cidadão Bruno Fernandes para defender o time embaixo das traves. O goleiro foi campeão pelo Clube de Regatas Flamengo no ano de 2009, era cotado para grandes escuderias da Europa e seu nome ventilava em épocas de convocações na Seleção Brasileira. Mas ele preferiu como grande parte dos seres humanos, abandonar a razão e usar a adrenalina da emoção, para silenciar a amante que dava entrevistas dizendo que estava grávida e era ameaçada de morte por ele. O Boa Esporte Clube disputa o módulo dois do Campeonato Mineiro e acaba de conseguir o direito legitimo dentro do campo de voltar a jogar a série B do Brasileiro, talvez nos planos em curto prazo do presidente o negócio com o goleiro representaria ascensão, mas esquecera-se de sentar a mesa com os patrocinadores e pedir opinião, o que vem gerando desconforto e crescimento da fila dos desertores. E agora? Quando não houver mais quem se prontifique a apoiar o time, o presidente será um novo Berlusconi e arcará com todas as dividas? Pagará salários e fará as contratações que os acessos da equipe vão exigir? Há outra pergunta ainda a ser feita, se cair á liminar e a condenação em segunda instância representar os anseios de justiça vistos na mídia? O que será do Boa Esporte Clube diante da concorrida marcha para sustentação no futebol? O presidente irá humildemente clamar pelo perdão dos patrocinadores? Irá pedir desculpas aos atletas que permanecerem? Irá admitir a unilateralidade do seu erro? Não sei. Mas como disse acima devemos esperar a próxima página, “romance policial” é recheado por suspenses que não se resolvem em poucas linhas. Voltando diretamente para o cidadão Bruno Fernandes, gostaria muito que ele fosse alertado por alguém, de que na posição em que se encontra o seu ar de estrela não cabe, a sua arrogância em achar que a sociedade tem dividas com ele, chega ser bizarro. É claro que grande parte das coisas que diz não sai do seu raciocínio, ele é um mero fantoche repetidor das palavras dos advogados, mas penso que sensibilidade não se perde de dentro de ninguém, humildade não denigre nem rebaixa criatura alguma, aliás, a torna superior a todas que preferem marchar nas manadas truculentas. Dizer que errou e precisa de uma segunda chance olhando direto para a câmera do olho da mãe de Eliza Samudio, faria muita diferença, Mas ao invés disso ele levanta a voz em entrevistas para dizer que não responde a tal pergunta, que seu pensamento agora é só recuperar o tempo perdido. Sim! Mas onde está o corpo da filha para diminuir um pouco o sofrimento da mãe? Entendo que todas as pessoas têm direito a uma segunda chance, ressocializar é preciso e nós como sociedade carecemos de abrir os braços para que isso aconteça, mas abraçar quem não se comove com a desgraça que causou é compactuar com o crime.