Leveza.
Às vezes é preciso diminuir o peso da bagagem, para continuar caminhando. A questão é : o que podemos(devemos) tirar da mala?
É uma escolha difícil. Por que tudo o que está lá, aparentemente, faz parte da gente, faz parte da nossa história, contada até ali. Quero dizer, em um momento estamos vivendo tudo aquilo, e sem perceber, vamos guardando coisas, refazendo outras, embrulhando algumas, restaurando outras, costurando algumas, colando outras. Até que chega um momento, em que não conseguimos mais fechar a mala. Mesmo que pulemos em cima dela, ainda se tentarmos fortalecer a tranca, mesmo se tentarmos remendar a mala(se isso for possível). Chegará o momento em que teremos de diminuir o seu peso, tirando dela o que há de inútil, fútil, defasado, enfim, tudo o que é necessário para que a nossa vida seja mais leve.
Quem nunca quis uma relação à la Cazuza,com gosto de fruta mordida? O problema é quando ela já começa torta, cheia de defeitos e intolerância, e mesmo assim você tenta leva-la em frente, mesmo que no fundo , saiba que não dará certo. Acredito que esse tipo de relação seja o empecilho mais pesado da nossa bagagem. Essa relação ocupa um espaço desnecessário, porque dali , não terá nada que compense esse tempo perdido.
E perdemos tempo , um tempo que poderia ter sido gasto com coisas importantes. Um livro gostoso, uma viagem bacana, uma conta pendente, um reparo no visual. Mais profundamente, poderíamos ter gasto essa energia com o nosso coração, com a nossa alma, com os nossos sonhos, com as nossas metas. E ao invés disso, gastamos com um alguém, que no final das contas , não era tão importante assim. Então um dia , essa pessoa vai embora , e nós, ficamos. Olhamos para um lado e sentimos um vazio, olhamos para o outro e ouvimos um silêncio, olhamos para trás e só enxergamos as nossas pegadas molhadas , saindo do banheiro. Olhamos para qualquer lado,menos pra dentro de nós.
Então, acredito que agora ,saibamos por onde começar a desfazer o peso da mala. Começando por dentro, dentro de nós. Lá no fundo,naquela parte que só a gente sabe, que só a gente sente, que só a gente pode mexer. Só assim seguiremos, somente assim saberemos, quantas vezes será necessário nos desfazer daquilo que nos impede de caminhar.
Quando a sua alma ficar mais leve e seu coração pulsar no mesmo compasso da vida. É nessa hora que você estará livre, seja pra ter um outro relacionamento, para por em prática a sua lista de desejos, que você escreveu no Ano Novo, para largar aquele emprego enfadonho. Pode ser que esteja livre para perder o medo de roda gigante, ou de fazer aquela viagem longínqua, e dessa vez, fará sozinha. Pode ser que esteja livre para ser você mesma, ou simplesmente , para seguir em frente!
Luciana Tapajós.