Velhos costumes e antigas lembranças
Aparenta uns 80 anos e sempre vejo varrendo calçada e a rua, com sua vassoura artesanal, não sei precisar o horário exato, mas preguiça passou longe daquele senhor simpático e compenetrado no que faz, não tem mais o amigo e companheiro que o acompanhava naquela labuta. Com sua bermuda creme, camisa azul, chapéu de palha e botina já surrada pelo tempo, pega a companheira de luta e começa o trabalho minucioso, afirmo que jamais vi uma calçada e rua bem varridas.
Tornou-se raro o ato de varrer calçadas, assim como também respeitar o próximo, pedir a benção e até mesmo ser educado no dia a dia. Nas minhas andanças pelas esburacadas ruas, vejo crianças e adolescentes gritando, xingando, desobedecendo aos pais, avós e mais velhos.
Coisas simples e maravilhosas da vida perderam o sentido, ouvir o cantar dos pássaros, sentir a chuva caindo mansamente e até mesmo conversar tornou-se uma tarefa árdua. Durante minha infância e juventude era fácil ver famílias sentadas nas calçadas jogando conversa fora enquanto as crianças brincavam correndo para todo lado. Hoje, com a violência decorrente, tornou-se arriscado manter a porta de casa aberta após as 19hs e em alguns bairros após as 18hs.
Algumas vezes vou a Santa Rita do Novo Destino executar alguns serviços pertinentes ao meu trabalho e quando vejo aquela cidadezinha interiorana, bate uma saudade de quando Goianésia era assim, calma e convidativa ao descanso.
Aquele senhor varrendo a calçada me faz lembrar coisas boas, principalmente da vizinhança, a casa do seu Zizi onde eu brincava com os filhos dele, hoje só restou a casa fechado que, diga-se de passagem, uma das casas mais antigas do setor. E assim vou levando por ruas, esquinas e poeiras a vida saudosa do meu tempo de criança nas ruas do velho bairro Santa Luzia.
Goianésia, 10 de março de 2017.