Todos os dias estávamos juntos. Todos finais de semana ouvíamos juntos heavy metais adolescentes e dividíamos todas as paranoias aborrecentes.

Mas nunca, nunca vibramos, da mesma forma, no mesmo sentido... nossos valores nunca foram os mesmos. Sua imagem... era (e ainda é, hoje, quando raramente, e infelizmente o encontro) tudo o que mais lhe importava, enquanto eu ficava nesta onda louca de amar e ser amado.
 
Uma vez ele me mostrou uma foto do pai segurando um coelho morto. Seu pai tinha morrido e ele não falava no assunto, e o assunto na verdade nem parecia fazer diferença pra ele... distribuindo sorriso, energia, comentários maldosos... era quase um Bully mas... algo o impedia.

Aquele momento da foto foi o mais próximo do seu coração que eu estive, numa amizade que durou uns cinco anos.

E hoje ele é a imagem perfeita e detalhada do playboy. O perfeito super-herói da classe média alta. Vagando entre músculos, coxas em calças legues, drogas, dietas e boates.
Enquanto eu sou, qualquer coisa que o amor mastigou e cuspiu.

Por ser ácido demais.



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Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 10/03/2017
Reeditado em 17/03/2017
Código do texto: T5937007
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