A TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO VELHO CHICO

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Quando na quarta-feira (10 de março de 2017) as águas do Rio São Francisco chegaram aos municípios de Sertânia – PE e Monteiro, na Paraíba, houve muita festa. Uns choravam, outros sorriam e houve até quem duvidasse da novidade. Água no sertão. Enfim, cumpre-se a profecia de Antonio Conselheiro ‘O Sertão vai virar mar’.

Não é bem assim. Para quem vê ano após ano, seu gado morrer, suas plantações não vingarem, quem vive sem água potável para beber, não há nada que possa dar uma idéia do que passa na cabeça de cidadãos sedentos e famintos. Sim, famintos. Onde não há água, não há comida. Daí porque tanta euforia.

Um projeto de transposição que foi pensado desde o Império, quando Pedro II declarou que seria capaz de ‘vender as jóias da Coroa’ para levar água para o Nordeste. E isso faz mais de um século. Enfim, o Eixo Leste funciona a partir de agora, inaugurado pelo presidente Michel Temer. Vamos dar a Cesar o que é de Cesar. A obra era pensada desde o Império. Pensada e pensada, mas não projetada. Na década de 1990, no governo Itamar Franco, foram dados os primeiros passos técnicos para a obra de transposição. Iniciaram-se os projetos que foram continuados no governo Fernando Henrique. Para se ter uma obra, há que se planejar. Não é num piscar de olhos que o gestor público realiza aquilo que lhe vem à mente ou o que ele deseja. Projetos e projetos foram sendo pensados no papel e o ex-presidente Lula deu a largada inicial das obras. Mas os projetos iniciais foram alterados, ao sabor das demandas regionais, uma vez que os estados do Rio Grande do Norte e do Piauí solicitaram, através suas lideranças políticas na Câmara e no Senado, a inclusão dos seus territórios no projeto de ‘transposição’.

A maior falha do projeto, entretanto, reside no fato de não ter havido preocupação do governo Lula em realizar obras de revitalização dos afluentes e da calha do próprio rio São Francisco, outrora navegável, mas que sofre com a perda de afluentes importantes e perda de nascentes desde o estado de Minas Gerais e na Bahia. Obras estas que agora estão sendo planejadas para evitar a morte do Velho Chico.

De qualquer forma, estamos a comemorar um grande feito dos brasileiros, realizada por vários governos em cerca de 25 de trabalhos, desde as reivindicações da SUDENE e dos políticos nordestinos. E é com muita alegria que saudamos nossos irmãos pernambucanos e paraibanos pela alvissareira notícia, com a qual nos confraternizamos e haveremos de cobrar que as obras de perenização dos afluentes e recomposição das matas das nascentes ainda existentes possam trazer segurança para que a água do São Francisco leve fartura e vida ao semi-árido nordestino.

É bom lembrar que as obras da transposição estavam paralisadas e se deteriorando no governo Dilma. Várias empreiteiras faliram por não receberem os valores que o governo federal devia. Temer providenciou a regularização, pagamentos e mandou retomar as obras que inaugura nesta sexta (10). O governador de S. Paulo, Geraldo Alkimin emprestou os conjuntos de bombas flutuantes que chegaram em carretas e instaladas, anteciparam a chegada das águas em mais de 40 dias. Sem querer retirar o mérito dos ex-presidentes Lula/Dilma, é bom dizer que a obra foi superfaturada em 300%. Custou três vezes mais e ainda faltam dois terços para ser concluída. E mais: os projetos foram deixados prontos para execução desde o governo Itamar Franco e Fernando Henrique. Não é obra de um dois ou mesmo três governos. A obra custou a cara do povo brasileiro e não pertence a qualquer pessoa em particular. A TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO VELHO CHICO pertence ao povo que pagou impostos para a consecução das obras. Ponto.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 10/03/2017
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