Cadela das Pernas Felpudas
O passado tem um feito duplo, arquivar histórias obscuras e ao mesmo tempo cobrir com o manto do esquecimento verdades que precisam ser lembradas constantemente. Há algumas semanas estava lendo sobre Nelson Rodrigues, o famoso e talvez mais polêmico contista, crônica e jornalista brasileiro. Não sou seu fã e de ninguém na verdade, apenas admiro o seu trabalho, porém não consta em minha instante nenhum dos seus livros.
Já as suas crônicas são bem escritas e admiráveis, refiro-me àquelas não voltadas para a vida como ela é, onde verdades nuas e cruas demais se misturam com um mundo ficcional e distópico. Contudo, as crônicas que evocavam o imaginário do leitor com termos e metáforas marcantes e sua visão de mundo e da atualidade inconformistas são antologias literárias.
Entretanto, uma efêmera situação me chamou atenção na história do Pernambucano. Nelson Rodrigues é filho da tragédia precoce. Quando adolescente, por volta dos 15 anos, ele já trabalhava com função adulta no bem sucedido e recém-fundado jornal da família Rodrigues, o ‘Crítica’, em meados de 1929. Um jornal de vanguarda que aliava política, romance e futebol de uma maneira jamais visto.
Cincos dias faltavam para o término do fatídico ano de 1929 e parece que isso nunca aconteceu. O Rio de Janeiro amanheceu com a publicação de um desquite e interpretações sensacionalistas. O crítica trouxe na primeira página a emblemática separação do casal Sylvia Serafim e João Tribau.Jr. Sylvia era uma socialite e escritora. O João um médico supostamente traído pela mulher e pela medicina, visto que o suposto amante de sua esposa era também médico.
A traição não foi confirma e nem desmentida, o casal com dois filhos decidiu se separa amigavelmente. Sylvia, dias antes cedeu uma entrevista para o jornal Crítica acerca do assunto, entrevista essa que representa um paradoxo, pois Sylvia pediu exatamente a um jornal que não publicasse àquela reportagem. É como pedir para uma criança não brincar dando-lhe um brinquedo em sua mãozinha.
Contudo, o Crítica não cumpriu seu ‘acordo’ com a hedonista e registrou na primeira página todos os detalhes minuciosos daquele escândalo de traição com ironia e humor.
Dessa forma, depois da circulação do jornal a cidade inteira sabia do caso. Sylvia, descontrolada e alimentada pelo revanchismo e sentimento de vingança, invadiu a pequena redação do jornal com uma arma e cravou balas de fogo no corpo de Roberto Rodrigues, irmão de Nelson. Roberto faleceu. Nelson foi testemunha ocular da tragédia de seu irmão, e essa cena seria determinante para a sua formação individual e profissional.
O crime cometido pela “cadela das pernas felpudas”, como intitulou a Crítica contra a senhora Serafim acarretou uma verdadeira tragédia Grega e de quebra Romana na família Rodrigues, meses mais tarde o patriarca da família, Mário Rodrigues, também morreu arrasado com a perda do filho, e o jornal foi fechado em 1930. Já escritora assassina foi inocentada do crime, mais tarde casou-se e teve mais dois filhos com outro tenente, só que a sua história não terminou com o ‘final feliz’ que ela aparentava procurar, o novo marido a largou. Depois, ela foi presa por falsa identidade ideológica e acabou se suicidando com sucesso depois de algumas tentativas frustradas.
O passado tem um feito duplo, arquivar histórias obscuras e ao mesmo tempo cobrir com o manto do esquecimento verdades que precisam ser lembradas constantemente. Há algumas semanas estava lendo sobre Nelson Rodrigues, o famoso e talvez mais polêmico contista, crônica e jornalista brasileiro. Não sou seu fã e de ninguém na verdade, apenas admiro o seu trabalho, porém não consta em minha instante nenhum dos seus livros.
Já as suas crônicas são bem escritas e admiráveis, refiro-me àquelas não voltadas para a vida como ela é, onde verdades nuas e cruas demais se misturam com um mundo ficcional e distópico. Contudo, as crônicas que evocavam o imaginário do leitor com termos e metáforas marcantes e sua visão de mundo e da atualidade inconformistas são antologias literárias.
Entretanto, uma efêmera situação me chamou atenção na história do Pernambucano. Nelson Rodrigues é filho da tragédia precoce. Quando adolescente, por volta dos 15 anos, ele já trabalhava com função adulta no bem sucedido e recém-fundado jornal da família Rodrigues, o ‘Crítica’, em meados de 1929. Um jornal de vanguarda que aliava política, romance e futebol de uma maneira jamais visto.
Cincos dias faltavam para o término do fatídico ano de 1929 e parece que isso nunca aconteceu. O Rio de Janeiro amanheceu com a publicação de um desquite e interpretações sensacionalistas. O crítica trouxe na primeira página a emblemática separação do casal Sylvia Serafim e João Tribau.Jr. Sylvia era uma socialite e escritora. O João um médico supostamente traído pela mulher e pela medicina, visto que o suposto amante de sua esposa era também médico.
A traição não foi confirma e nem desmentida, o casal com dois filhos decidiu se separa amigavelmente. Sylvia, dias antes cedeu uma entrevista para o jornal Crítica acerca do assunto, entrevista essa que representa um paradoxo, pois Sylvia pediu exatamente a um jornal que não publicasse àquela reportagem. É como pedir para uma criança não brincar dando-lhe um brinquedo em sua mãozinha.
Contudo, o Crítica não cumpriu seu ‘acordo’ com a hedonista e registrou na primeira página todos os detalhes minuciosos daquele escândalo de traição com ironia e humor.
Dessa forma, depois da circulação do jornal a cidade inteira sabia do caso. Sylvia, descontrolada e alimentada pelo revanchismo e sentimento de vingança, invadiu a pequena redação do jornal com uma arma e cravou balas de fogo no corpo de Roberto Rodrigues, irmão de Nelson. Roberto faleceu. Nelson foi testemunha ocular da tragédia de seu irmão, e essa cena seria determinante para a sua formação individual e profissional.
O crime cometido pela “cadela das pernas felpudas”, como intitulou a Crítica contra a senhora Serafim acarretou uma verdadeira tragédia Grega e de quebra Romana na família Rodrigues, meses mais tarde o patriarca da família, Mário Rodrigues, também morreu arrasado com a perda do filho, e o jornal foi fechado em 1930. Já escritora assassina foi inocentada do crime, mais tarde casou-se e teve mais dois filhos com outro tenente, só que a sua história não terminou com o ‘final feliz’ que ela aparentava procurar, o novo marido a largou. Depois, ela foi presa por falsa identidade ideológica e acabou se suicidando com sucesso depois de algumas tentativas frustradas.