CHEIRANDO À LANCASTER
(Diário de minhas andanças)
Êle estava ali.Todo “metido”,disputando espaços com Armani,Yssey Mihake,Bulgari,dentre outros mundialmente famosos.
A moça me sorriu quando apontei para a caixinha modesta,ao lado de “Ferrari Black” que me fora por ela sugerido.
-Não,obrigado.Há muito que procurava por este meu velho conhecido rsrs...Singelo e modesto na aparência e no preço.Na verdade,imaginava que o haviam chutado para escanteio,dado às modernidades cheirando à quitandas que hoje fazem modismos.
Feliz com a aquisição que ora fazia,não hesitei em abri-la ali mesmo sobre o balcão.Ainda dentro da loja,decidi dar asas à memória olfativa para um retrocesso no tempo.
Retirada a tampa,eclodiram daquele pequeno frasco alguns de meus mais sublimes momentos.O calor das mãos da primeira namorada,o gosto do primeiro beijo,as danças de rosto colado nas festinhas de sábado à noite e até aquêle cheiro de bolo de fim de semana nas tardes de sábado.
A face quase angelical da moça por trás da cortina...Olhar distante,um trem serpenteando a tarde ,sabiás entoando a cantilena do acasalamento e “Melody Fair” dos Bee Gees numa vitrola.
Meus amigos (que rumos tomaram?) e eu,na estrada deserta.Sonhos e amores platônicos.
Ideais adolescentes ,cheirando à Lancaster,vagando sob céus azulados de um dezembro longínquo.
Doces lembranças retomadas nas notas cítricas do frasquinho.
Tarde de sábado.julho/2012
Como já mencionei outras vezes em minhas crônicas,”sábados costumam ser nostálgicos”,mas de uma nostalgia que não fere,não faz doer.É um certo quê de uma saudade (saudade de sábado).Uma certa carência mesclada à expectativas de algo terno e afetuoso que não sabe-se muito bem como explicar.Sente-se ,apenas.
É como ler um poema de Quintana.Quintanea-se,simplesmente.
E foi com estas sensações que tomei o rumo de minha caminhada.Um céu descortinando-se num azul profundo,a pasmaceira de sábado à tarde,com seus ruídos,ecos e cheiros e o aroma cítrico “do meu Lancaster”,estabelecendo a ponte entre o jovem sonhador que fui e o sexagenário (ainda cheio de sonhos) que agora sou.
Presos!...
Jovem, e sexagenário a estas coisinhas básicas.
Basicamente perfeitas para tornar a vida mais amena.
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado preservando os comentários no texto anterior:
01/06/2016 07:53 - Alberto Vasconcelos
Parabéns pela bela crônica. Abraço
19/08/2012 23:11 - RobertoRego
Joel, um perfume, uma melodia e um drinque costumavam marcar os saudosos momentos dos sábados das nossas adolescências, naqueles verdes anos. Você retratou tudo isso magistralmente em sua bela crônica, caro amigo-poeta. Aplausos e abraços.
01/08/2012 03:30 - Chico Chicão
Meu caro Joel das belezas de Irati. Simplesmente BELO!!! As Saudades Olfativas ficam impregnadas em nossas entranhas e não se desfazem jamais.Que lindo este paralelismo Jovem/Senhor,ora aflorando um ,ora aflorando outro.Use o Lancaster e sinta-se como o Jovem que Você foi e ainda é.O perfume da minha juventude desapareceu-Green Water-Jacques Fath. Obrigado.Fique na paz!
30/07/2012 16:56 - Sô Lalá
Uma infância supõe feliz, uma adolescência de sonhos, a chamada terceira idade, com o eufemismo que prefiro, melhor idade, mas ainda à essência do Lancaster. Um abraço e uma boa tarde.
30/07/2012 14:48 - Lisyt
Que delícia de crônica, Joel. Como são verdadeiras as saudades de sábado. Musica e perfumes fazem milagre, e nos leva de volta a um passado que está vivo dentro de nós.Que você tenha uma semana perfumada. Abraço carinhoso.
25/07/2012 22:29 - CONCEIÇÃO GOMES
Lembro deste perfume. Ainda existe? No meu tempo pós adolescencia, era o Toque de Amor da Avon. Não existe mais.Que tempos! Como de diz: a gente era feliz e não sabia.
23/07/2012 17:42 - Maria Mineira
Joel, ao ler sua crônica lembrei-me de um perfume que minha tia usava e faz tempo que não o vejo. Era a colônia "Promessa" e havia também o pó compacto. Eu gostava de ir até a penteadeira dela e roubar um pouquinho.Quanto aos sonhos, acho que nunca devemos deixá-los.Shakespeare disse que: "Somos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos" Um abraço aqui da Serra da Canastra.
23/07/2012 13:23 - YARA FRANÇA
AI MEU DEUS! LEMBREI DE RASTRO, ENGLISH LAVANDER' E OUTROS DO GENERO. MEMORIA OLFATIVA É MESMO INCRIVEL, DEVE SER NOSSO LADO ANIMAL FALANDO. O FARO.
22/07/2012 22:23 - Carlinhos Colé
Caro Joel. Quando eu era jovenzinho como esse aí da foto em preto e branco, deixei entornar, por acidente, um perfume sobre um livro de poemaa (do J G de Araújo Jorge) e nãoéqueotremficobãodemaidaconta! A poesia me lembrava o perfume e o perfume me lembrava a poesia. Sua crônica desencavou este fato. A propósito, você ficou muito bem nesta foto. Um abraço, meu amigo!
22/07/2012 09:59 - Dalva Molina Mansano [não autenticado]
Caro Joel, abro o FAce nesta manhã de domingo e, felizmente, me deparo com sua crônica! Que maravilha de viagem no tempo ela me proporcionou! Anos 60! Lembrei-me de meu irmão, com seu Lancaster, saindo para as Brincadeiras Dançantes e deixando aquele encantador perfume pela nossa casa. Ah,Joel, que bom termos escritores que nos devolvem à juventude, assim sem dor, como quem lê Quintana. Eu diria: Iratiensemente. Muito obrigada!
22/07/2012 08:13 - Sunny L (Sonia Sancio Landrith)
Amigo querido Joel, sábados de saudade boa. Amo suas crônicas, cheias de sinceridade e emoção. Ontem fui com minhas amigas passar o sábado nas montanhas. Foi maravilhoso. E você não vai acreditar: comprei um vidrinho minúsculo de Chanel nº 5. Longe de querer ser Marilyn! Bom domingo! Tudo de bom para a sua familia linda e para suas andanças, que adoro.
22/07/2012 07:58 - jorê
olá poeta! coisas simples, e que possuem um efeito muito grande! lindas memórias... Tudo preso num simples frasco e num perfume... Muito bom ler você e suas crônicas sensacionais! abraço jorê - josé renato
21/07/2012 22:45 - Lenapena
Joel, quantas lembranças.... quantas.... Os bailinhos de sabado a noite na dos amigos, o disco na vitrola, a música sempre lenta, pra se dançar juntinho de rosto colado. O olho no olho, o convite para dançar, a mão que não parava de transpirar. E aquele perfume delicioso, era o o Lancaster a entontecer e fazer aumentar ainda mais as doces e inocentes emoções. Ah, sempre adorei esse perfume, até hoje, é só fechar os olhos, e o sinto. Eta tempo bom, onde não havia maldade, somente sonhos inocentes, e uma mocidade que soube viver com romantismo uma época encantada. Que doces lembranças seu texto me trouxe, obrigada. Uma boa noite a vc.
21/07/2012 22:38 - Anjopoesia
Que belo textto...parabéns...venha me visitar e ler a nova modalidade em Coração Selvagem...
(Diário de minhas andanças)
Êle estava ali.Todo “metido”,disputando espaços com Armani,Yssey Mihake,Bulgari,dentre outros mundialmente famosos.
A moça me sorriu quando apontei para a caixinha modesta,ao lado de “Ferrari Black” que me fora por ela sugerido.
-Não,obrigado.Há muito que procurava por este meu velho conhecido rsrs...Singelo e modesto na aparência e no preço.Na verdade,imaginava que o haviam chutado para escanteio,dado às modernidades cheirando à quitandas que hoje fazem modismos.
Feliz com a aquisição que ora fazia,não hesitei em abri-la ali mesmo sobre o balcão.Ainda dentro da loja,decidi dar asas à memória olfativa para um retrocesso no tempo.
Retirada a tampa,eclodiram daquele pequeno frasco alguns de meus mais sublimes momentos.O calor das mãos da primeira namorada,o gosto do primeiro beijo,as danças de rosto colado nas festinhas de sábado à noite e até aquêle cheiro de bolo de fim de semana nas tardes de sábado.
A face quase angelical da moça por trás da cortina...Olhar distante,um trem serpenteando a tarde ,sabiás entoando a cantilena do acasalamento e “Melody Fair” dos Bee Gees numa vitrola.
Meus amigos (que rumos tomaram?) e eu,na estrada deserta.Sonhos e amores platônicos.
Ideais adolescentes ,cheirando à Lancaster,vagando sob céus azulados de um dezembro longínquo.
Doces lembranças retomadas nas notas cítricas do frasquinho.
Tarde de sábado.julho/2012
Como já mencionei outras vezes em minhas crônicas,”sábados costumam ser nostálgicos”,mas de uma nostalgia que não fere,não faz doer.É um certo quê de uma saudade (saudade de sábado).Uma certa carência mesclada à expectativas de algo terno e afetuoso que não sabe-se muito bem como explicar.Sente-se ,apenas.
É como ler um poema de Quintana.Quintanea-se,simplesmente.
E foi com estas sensações que tomei o rumo de minha caminhada.Um céu descortinando-se num azul profundo,a pasmaceira de sábado à tarde,com seus ruídos,ecos e cheiros e o aroma cítrico “do meu Lancaster”,estabelecendo a ponte entre o jovem sonhador que fui e o sexagenário (ainda cheio de sonhos) que agora sou.
Presos!...
Jovem, e sexagenário a estas coisinhas básicas.
Basicamente perfeitas para tornar a vida mais amena.
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado preservando os comentários no texto anterior:
01/06/2016 07:53 - Alberto Vasconcelos
Parabéns pela bela crônica. Abraço
19/08/2012 23:11 - RobertoRego
Joel, um perfume, uma melodia e um drinque costumavam marcar os saudosos momentos dos sábados das nossas adolescências, naqueles verdes anos. Você retratou tudo isso magistralmente em sua bela crônica, caro amigo-poeta. Aplausos e abraços.
01/08/2012 03:30 - Chico Chicão
Meu caro Joel das belezas de Irati. Simplesmente BELO!!! As Saudades Olfativas ficam impregnadas em nossas entranhas e não se desfazem jamais.Que lindo este paralelismo Jovem/Senhor,ora aflorando um ,ora aflorando outro.Use o Lancaster e sinta-se como o Jovem que Você foi e ainda é.O perfume da minha juventude desapareceu-Green Water-Jacques Fath. Obrigado.Fique na paz!
30/07/2012 16:56 - Sô Lalá
Uma infância supõe feliz, uma adolescência de sonhos, a chamada terceira idade, com o eufemismo que prefiro, melhor idade, mas ainda à essência do Lancaster. Um abraço e uma boa tarde.
30/07/2012 14:48 - Lisyt
Que delícia de crônica, Joel. Como são verdadeiras as saudades de sábado. Musica e perfumes fazem milagre, e nos leva de volta a um passado que está vivo dentro de nós.Que você tenha uma semana perfumada. Abraço carinhoso.
25/07/2012 22:29 - CONCEIÇÃO GOMES
Lembro deste perfume. Ainda existe? No meu tempo pós adolescencia, era o Toque de Amor da Avon. Não existe mais.Que tempos! Como de diz: a gente era feliz e não sabia.
23/07/2012 17:42 - Maria Mineira
Joel, ao ler sua crônica lembrei-me de um perfume que minha tia usava e faz tempo que não o vejo. Era a colônia "Promessa" e havia também o pó compacto. Eu gostava de ir até a penteadeira dela e roubar um pouquinho.Quanto aos sonhos, acho que nunca devemos deixá-los.Shakespeare disse que: "Somos do mesmo tecido de que são feitos os sonhos" Um abraço aqui da Serra da Canastra.
23/07/2012 13:23 - YARA FRANÇA
AI MEU DEUS! LEMBREI DE RASTRO, ENGLISH LAVANDER' E OUTROS DO GENERO. MEMORIA OLFATIVA É MESMO INCRIVEL, DEVE SER NOSSO LADO ANIMAL FALANDO. O FARO.
22/07/2012 22:23 - Carlinhos Colé
Caro Joel. Quando eu era jovenzinho como esse aí da foto em preto e branco, deixei entornar, por acidente, um perfume sobre um livro de poemaa (do J G de Araújo Jorge) e nãoéqueotremficobãodemaidaconta! A poesia me lembrava o perfume e o perfume me lembrava a poesia. Sua crônica desencavou este fato. A propósito, você ficou muito bem nesta foto. Um abraço, meu amigo!
22/07/2012 09:59 - Dalva Molina Mansano [não autenticado]
Caro Joel, abro o FAce nesta manhã de domingo e, felizmente, me deparo com sua crônica! Que maravilha de viagem no tempo ela me proporcionou! Anos 60! Lembrei-me de meu irmão, com seu Lancaster, saindo para as Brincadeiras Dançantes e deixando aquele encantador perfume pela nossa casa. Ah,Joel, que bom termos escritores que nos devolvem à juventude, assim sem dor, como quem lê Quintana. Eu diria: Iratiensemente. Muito obrigada!
22/07/2012 08:13 - Sunny L (Sonia Sancio Landrith)
Amigo querido Joel, sábados de saudade boa. Amo suas crônicas, cheias de sinceridade e emoção. Ontem fui com minhas amigas passar o sábado nas montanhas. Foi maravilhoso. E você não vai acreditar: comprei um vidrinho minúsculo de Chanel nº 5. Longe de querer ser Marilyn! Bom domingo! Tudo de bom para a sua familia linda e para suas andanças, que adoro.
22/07/2012 07:58 - jorê
olá poeta! coisas simples, e que possuem um efeito muito grande! lindas memórias... Tudo preso num simples frasco e num perfume... Muito bom ler você e suas crônicas sensacionais! abraço jorê - josé renato
21/07/2012 22:45 - Lenapena
Joel, quantas lembranças.... quantas.... Os bailinhos de sabado a noite na dos amigos, o disco na vitrola, a música sempre lenta, pra se dançar juntinho de rosto colado. O olho no olho, o convite para dançar, a mão que não parava de transpirar. E aquele perfume delicioso, era o o Lancaster a entontecer e fazer aumentar ainda mais as doces e inocentes emoções. Ah, sempre adorei esse perfume, até hoje, é só fechar os olhos, e o sinto. Eta tempo bom, onde não havia maldade, somente sonhos inocentes, e uma mocidade que soube viver com romantismo uma época encantada. Que doces lembranças seu texto me trouxe, obrigada. Uma boa noite a vc.
21/07/2012 22:38 - Anjopoesia
Que belo textto...parabéns...venha me visitar e ler a nova modalidade em Coração Selvagem...