A PARTIDA (Phellipe Marques)
A PARTIDA (Phellipe Marques)
Chegou o momento da partida.
O farol já não me alcança. Ficou pra trás, distante e quase invisível, iluminando outra poesia.
Tanto grito, tanto horizonte, tantos e tantos anos por viver.
No pranto enjaulado encontram-se os versos mais sinceros, mais livres de quaisquer desvios de originalidade.
Sopro pelo céu.
Rimas de papel,
Gesto, cor e desequilíbrio.
Lá está o mistério da criação, zona mais longínqua e mais próxima da verdade que por necessidade insiste em querer expressar-se e talvez viver uma cena de grand finale.
Lá está o paradoxo dos meus sonhos, passado, presente e futuro.
Lá está o novo farol, a terra firme que anseia pela minha chegada na madrugada que nunca se acaba.
Minha nau já partiu, içando velas de esperança e recomeço.
Preciso ir. Sim, preciso partir, lançar-me ao imaginário viver que o poeta, por escolha inevitável, sempre sonhou.
Se o abraço da chegada é confortante, escolho compor o instante infinitesimal do quase encontro, do quase entrelaço, do quase vislumbre do farol que lá está.
As notas sempre estão aqui, a regência do eu superior que encontro a cada movimento da minha expressividade e permanecerão no desafio da minha jornada, no novo amanhecer na terra pura que se aproxima logo à frente.
Talvez a chegada revele novas possibilidades.
Talvez seja a reafirmação do melhor de mim.
Talvez o farol seja mais brilhante ou talvez não.
Talvez a minha luz seja mais farol.
Com farol comecei, em farol finalizo a obra-prima que compreendi ao vivenciar o amor.
Aportei!
Chegou o momento!
Saltarei e, por necessidade, vida, ânsia de felicidade e caminhar, farei desta terra mais um poema, um sonho a ser conquistado em essência e pureza.
Farol, de volta, estou.
Brilhe!