DIA DA MULHER. TRATADA COMO SER DE SEGUNDA CLASSE.

Conhecia como literatura informativa a grave crueldade que é incorporada e praticada na Índia, que seria um país altamente espiritualizado, e na China, contra as mulheres. No primeiro asfixiam-se as meninas nascidas, colocando um pano molhado sobre seus rostos, ou por asfixia mecânica, estrangulamento. Vi mães sorrindo dizendo como matam as nascidas, de imediato. Isto em documentário em canal de assinante. Uma delas sorrindo fartamente e contando como matou quatro, por estrangulamento. O motivo é que no casamento se faz necessário dar dotes se meninas noivas. Os noivos e suas famílias recebem dotes. Assim e por esse motivo cometem-se infanticídios no nascimento e depois, no curso da infância, e feticídio, abortamento em larga escala.

Nem se fale no estupro que não é combatido pela oficialidade indiana, tolerado como fato comum. Na China, agora um pouco amenizado, até pouco tempo atrás, existiam as casas de exposição, mantidas nos bairros pelo Estado, para descartar os excedentes populacionais, principalmente femininos.

A discriminação que sofrem as mulheres é praticamente bíblica, está inserida no “Gênesis”, onde com sua maldade, Eva teria tentado o homem e inaugurado a chaga do pecado, marcando a humanidade para todo o tempo que irá se escoar até o fim dos dias. Fica parecendo que Adão não participou da quebra da inocência no Jardim do Éden.

E o desrespeito à condição de ser mulher marcou toda a histórica posteridade até os dias presentes. No Brasil a violência contra as mulheres tem números estarrecedores. Nem tipos penais sofisticados como os descritos na Lei Maria da Penha têm intimidado os agressores.

Povos primitivos e indígenas reservavam para os homens as atividades nas quais incidiam a característica da nobreza e dos valores maiores da inteligência. Os líderes religiosos ou temporais eram homens, o trabalho bruto, de nenhum valor tinha como destinatárias as mulheres. Especialistas destacam que somente em um século estariam minimizadas as diferenças, a partir de hoje. Otimista essa visão no meu credo.

Das “bruxas” da idade média até o poder dos romanos do “Pater Famílias”, “jus vitae e necis”, direito de vida e de morte, o sexo feminino sempre esteve em desvantagem.

A maternidade, propulsora da vida, do amor incondicional, nunca obteve o devido respeito. E é perseguida a mulher como gênero mais frágil.

Esse massacre que ainda hoje se faz à mulher, independente de suas conquistas, é duro até na visão de filósofos, como em Pitágoras que com toda sua argúcia via na água a essência de tudo, pois o cadáver resseca e os vermes não. Tinha, porém, a visão da mulher como um ser que se originou das trevas.

Aristóteles tinha a mulher como um homem não completo, para ele todas as características da criança estavam presentes antecedentemente no pai, sendo da mulher a função de gestar e trazer ao mundo o ser que vinha do homem, ideia ridícula aceita e propagada na Idade Média; somente Platão via na mulher a mesma capacitação de inteligência como a do homem.

No século XX nomes importantes surgiram na filosofia e nas ciências, somente para citar alguns, Hannah Arendt, Simone Weil, Edith Stein, Mari Zambrano e Rosa Luxemburgo. São mulheres que negaram o privilégio dos homens e contestaram a ordem patriarcal de sua época, tornaram-se filósofas admiráveis contribuindo para a constituição do pensamento da humanidade.

No Brasil as mulheres passaram a participar do sufrágio universal pelas mãos de Getúlio na Constituinte de 1934, com direito a escolherem seus representantes, ocupando altos postos de mando nas hierarquias públicas e privadas atualmente.

No judiciário as mulheres hoje são praticamente, em alguns estados, maioria nas primeiras instâncias, com ingresso por mérito, concurso público, um dos ou o mais difícil concurso público do país e mesmo do mundo quando esse é o acesso. Datam trinta anos praticamente inexistiam magistradas.

Com toda a perseguição ainda presente contra as mulheres, pretendendo degradá-las ou serem situadas como meras partícipes do ato sexual, é preciso que se saiba que mesmo Maomé, o profeta, hoje discutido febrilmente por fanáticos terroristas e teóricos, montou a cavalo juntamente com sua esposa Hatice nos campos de batalha, e nunca patrocinou a brutal discriminação existente.

As leis civis têm avançado em todo o mundo alargando a tutela para a mulher, mas ainda precisamos uma caminhada maior para serem sufragados direitos iguais.

Que a maternidade da Virgem e seu iluminado parto traga luzes para a humanidade. Minha homenagem humilde à grandeza da mulher, que acima de tudo é o ser que mais carrega consigo o maior de todos os sentimentos, o amor. Meu respeito às mães e àquelas que não puderam por algum motivo ser, mas são representantes, todas, dessa insubstituível força da natureza, amar.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/03/2017
Reeditado em 03/04/2017
Código do texto: T5934794
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