UMA TRISTE BELA PAISAGEM
A paisagem ainda conserva algo de sua beleza, mas encontra-se entristecida pela falta dos seus cuidadores. E quem são estes cuidadores?
São pessoas que ali nasceram, cresceram, descansaram à sombra das mangueiras, jabuticabeiras, abacateiros e arvores nativas, e embalados pelo som das cachoeiras em seus sonhos e esperanças.
Este som da natureza selvagem permanece. O homem ainda me parece não descobriu como muda-lo.
Que mundo maravilhoso não? Onde fica esse paraíso?
Estou falando das margens do Rio Betim, na região da Metalsider onde a contemporaneidade chegou com suas maquinas ainda barulhentas, seus operários com capacetes azuis, seus engenheiros e estagiários com capacetes brancos, transformando em entulho as casas que foram construídas com o sacrifício de outros operários, uma boa parte deles ex funcionários da própria Metalsider.
A avenida será bela, o arrimo não é mais de gabião, que abriga serpentes, aranhas e escorpiões e sim de concreto pre fabricado que até oferece um bom visual. Está previsto pista de bicicleta e caminhada, academia ao ar livre e a rapidez que os dias atuais exigem, porem o sangue suor e lagrimas daqueles que dali foram retirados, mais de cinquenta residências não foi respeitado, não foi valorizado. O dinheiro comprou até suas consciências.
Claro, pelo tempo passado ali se encontravam hoje a terceira e quarta geração daquelas famílias os quais também não conseguem visualizar como foram erguidas as moradias que hoje desfrutavam.
Não importa o nosso olhar observador, nosso pensar e mesmo nosso inútil julgar, a paisagem permanecerá sempre uma triste bela paisagem.