A Xaria e o Dia Internacional das Mulheres


Há alguns dias, assisti e ouvi atento as explicações de proeminentes e doutos cientistas sauditas quanto às brilhantes conclusões a que chegaram em consenso sobre a secular condição da mulher dentro de nosso universo, editadas em lei pétrea e que passaram a vigir imediatamente. Com o tardio reconhecimento de que, em síntese, o sexo feminino não integra a categoria humana e sim uma categoria animal intermediária, mesmo que mais evoluída e finalmente reconhecida, dirimiram-se todas as dúvidas que ainda restavam ao assunto e as mulheres passaram a ocupar o lugar que lhes é destinado.

Até então tratadas como meras inexpressivas coadjuvantes, doravante as mulheres sauditas deverão ser alçadas ao patamar que lhes foi destinado por Maomé, devendo ser tratadas com a mesma consideração com que são cortejadas as espécimes fêmeas dos camelos, mamíferos da ordem dos artiodáctilos, subordem dos tilópodes, ruminante caracterizado por suas duas corcovas para não serem confundidos com os dromedários que só tem uma – talvez se referindo aos seios indevidamente posicionados às costas por um mero erro no momento de suas criações - e cabritas, diferentemente dos burros e cães, seres inferiores.

Para que se possa aquilatar o grau de importância de tal reconhecimento, ressalte-se que nem mesmo consta de dicionários a alusão a “camelas” e sim somente ao espécime masculino, já que até então nem mesmo existiam e os descendentes do Profeta não eram gerados por sua mães e sim talvez por chocadeiras amorfas e sem o nível hierárquico daqueles outros mamíferos e os ruídos gerados por tal geringonça durante o período de gestação somente lhes incute a expressão “Allahu Akbar”, gravada por seus dois únicos neurônios.

Talvez para fazerem média com o mundo ocidental e com a proximidade do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, um douto Imã, ontem, divulgou os princípios que devemos observar ao castigarmos as agora equiparadas a “fêmeas de camelos” com que convivemos, ao desobedecerem as ordens dos amos ou então não cumprirem os preceitos a elas destinados.

O princípio básico e principal é de que devemos lhes aplicar diariamente três surras, ao amanhecer, ao entardecer e ao anoitecer – sendo que por contumazes e por sermos previdentes, podemos aplicar-lhes cinco, ficando as duas excedentes por conta para os dias seguintes – mesmo que sem tenhamos ainda percebido qualquer deslize, já que mesmo sem sabermos o porquê de as estamos castigando, elas saberão as razões por estarem sendo corrigidas e nos agradecerão por isso, pois estaremos facilitando seus aprendizados em busca de seus “caminhos para a fonte”, tradução literal da expressão “xaria”, conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão.

Detalhe importante e que deve ser observado é que não devemos bater nelas com as mãos e sim com uma vara de marmelo, goiabeira ou gurumbumba, a fim de não nos contaminarmos com o contágio impuro, além do fato de que os ramos daquelas são mais resistentes e nos permitem repetir os ensinamentos caso necessários, o que certamente serão.

Em obediência a tais princípios constitucionais, na Arábia Saudita, onde a xaria é integral, ou seja, o pais usa as leis islâmicas como única fonte para a definição de sua legislação, a xaria forma a constituição daquela nação e portanto deve ser seguida e obedecida por todos, não existindo uma separação entre a religião e o direito dos cidadãos, como havia em nosso mundo ocidental, conceito esse que felizmente está sendo abolido, como se observa em muitos países europeus como a França, onde se refugiavam FHC e Chico Buarque para degustarem seus brioches, a Inglaterra, Bélgica, Áustria e Alemanha. Na Escócia o assunto o assunto ainda está sendo debatido arduamente, pois, como se sabe, as escocesas e escoceses usam indistintamente saias há séculos, mesmo que não tendo as aparências de burcas e sendo recomendável o uso do “hijab”, véu que lhes cobre as cabeças e até mesmo dirigem automóveis, como se comprovou por Jackie Stewart e Sean Connery.

Apesar das divisões dos entendimentos dos sunitas, seguidos por hanafitas, hambalitas, maliquitas ou shafi´i, os considerados xiitas e os duodecimanos que não estão satisfeitos com os dízimos da Igreja Universal do Reino de Deus e que julgam terem direito de cobrarem os décimo terceiro e décimo quarto salários sobre as contribuições espontâneas dos fiéis, corrente de pensamento liderado pelos pastores Edir Macedo, Waldomiro, RR Soares e Malafaia que seguem a escola jaafarita ou safadita, que preferem vender tijolos ungidos por ser mais rentável, porém todos acordes quanto à aplicação daqueles princípios básicos.

Como se sabe, as fontes primárias do direito islâmico são o Alcorão, originalmente Alcourão, cujo nome deriva justamente das surras com tiras de couro que devemos aplicar diariamente em nossas quase camelas e a Suna, cuja grafia foi alterada de Sunda para a atual por diversas confusões etmológicas em sua aplicação. Os sunitas ainda acrescentam a estas o consenso (ijma) dos “cumpanheiros” (sahaba ou safados) do profeta Maomé, e os juristas islâmicos (ulema) do S.T.F. a respeito de certas questões, extraindo analogias da essência dos princípios divinos e das decisões precedentes (qiyas). Os consensos da comunidade, de determinado povo ou interesse público, entre outros, não são aceitos como fontes secundárias e que terminantemente me recuso a comentar, por razões óbvias.

Os xiitas rejeitam este ponto de vista, especialmente o uso de analogias (nas qiyas), que vêem como uma maneira fácil para a penetração de inovações (bid'ah), algumas delas de cunho sexual e pejorativas, como vibradores e consolos e também rejeitam o consenso (ijma) como tendo qualquer valor particular próprio, como o fazem nosso dignos Ministros do S.T.F.. Durante o período em que os acadêmicos sunitas desenvolveram estas duas ferramentas (os vibradores elétricos), os imãs xiitas estavam vivos - e, como na visão xiita estes imãs eram uma extensão da Suna, vista, juntamente com o Alcorão, como fontes únicas das leis (fiqh). Um tema recorrente na jurisprudência xiita é a lógica (mantiq), algo que os xiitas também afirmam mencionar, empregar e valorizar mais que os sunitas, compatível com o Alcorão e a Suna, ou Sunda.

Na lei xiita imamita, que professa longas e intermináveis sucções nos seios das quase fêmeas de camelos ou nos bagos dos contribuintes, sugando literalmente tudo que ainda resta para ser mamado e que nossos diligentes Deputados Federais e Senadores ainda não se antenaram, sem que se atribua como prática dos profetas Renan Calheiros e Rodrigo Maia e seu séquitos de mais de dezenas e centenas de Imãs, expressão adotada pela prática que têm de atrair para si o que não é de seus direitos e contrariar os mais basilares princípios de ética e vergonha na cara, o que, no entanto, têm suas raízes em costumes locais (al-urf) intrinsecamente enraizados pelo PT, PMDB, PSDB, PP, PDT e PQP.

De acordo com os princípios divulgados pelo Imã, não se deve bater nas faces e demais partes visíveis dessas nossas quase “camelas”, sendo preferível que nos certifiquemos onde estão sendo açoitadas, apalpando-as cuidadosamente para sabermos suas posições e tendo o cuidado de não confundir os seios com as nádegas, já que camufladas sob as burcas. Deve-se evitar deixar equimoses, principalmente nas regiões dos olhos, salvo se nos períodos carnavalescos, já que passariam despercebidos naquelas ocasiões. É permitido e até mesmo sugerido que as xinguemos enquanto as surremos, porém de forma carinhosa, elogiando-as com expressões tais como vaca, cachorra, cabrita, jumenta e até mesmo “camela” ou quaisquer outros animais inferiores, sendo que, contudo, não devemos chamá-las de rinocerontes, porcas ou elefantas pela alusão a seus pesos, do que serão eternamente agradecidas. Mas isso, logicamente, desde que não atendam aos apelos de Gleisi Hoffman, que sugere um dia de total privação de sexo, sem lavar as louças e sem levar filhos à escola, o que ela não faz, já que tem inúmeros empregados pagos com os pixulecos que recebeu, acrescidos aos que seu marido subtraiu dos aposentados.

Assim, curtam bem seu dia, aproveitando o tempo para escolherem as cores e os modelos de seus novos modelitos, no aguardo da xaria que será implantado brevemente em nosso Brasil, conforme decreto a ser publicado nos próximos dias e devidamente homologado e com o beneplácito da mais alta Corte do Pais. Divirtam-se e boas Xarias. Ah, e FELIZ DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES!!!
LHMignone
Enviado por LHMignone em 08/03/2017
Reeditado em 13/01/2020
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