COMO ONDAS... (ANA PAULA SABELI, ASSISTENTE SOCIAl DA SEAS)
Comentários no blog: http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2017/03/como-ondas-ana-paula-sabeli-assistente.html
Depois de certo tempo de amadurecimento, a vida, se desenvolve como as ondas do mar ou de um rio. Se bravias ou mansas todas se quebram nas encostas das pedras, removendo as areias da praia e se transformando em espumas na arrebentação, depois cumprirem seu propósito e finalidade. Aposentado precocemente por invalidez aos 49 anos, a minha vida também tem sido assim, flutuando como ondas!
Durante a atividade, como professor da alfabetização à faculdade, plantei rosas, arranquei ervas daninhas, transformei pedras brutas em diamantes e hoje colho os frutos do que fiz em forma de reconhecimentos que não esperava recebê-los em vida. Na existência ocidental, o choro e o reconhecimento só surgem depois da morte. Depois de receber a ex-aluna Rosana Silva, da Escola Padre Pedro Gialandy, que fez parte de minha vida e história no ano de 2003, foi surpreendido com essa declaração de carinho: “Querido Mestre. Descobri seu blog e fiquei muito lisonjeada e emocionada com um texto (crônica que escreveu se referindo a mim, saiba que fico muito feliz em telo marcado positivamente, saiba, ainda, que muitas vezes lembrei do senhor e que se tirei boas notas é porque o mérito era seu, também, considerado que és um excelente professor. Lendo seus textos, (crônicas) pude compreender a sua luta durante esses anos, e peço a Deus que ele lhe dê a vitória, pois nada pra ele é impossível”. Era a aluna Ana Paula Sabeli, da Faculdade Nilton Lins, assistente social formada há 7 anos e trabalhando na SEAS.
Durante as aulas, tímida e discreta, Ana Paula Sabeli, sentava sempre no lado direito da sala, no sempre no lado direito e parecia ser bem dispersiva, parecendo distraída. Não perguntava nada, não interrompia as aulas, não questionava nada durante as explicações dos conteúdos que ministrava com prazer para uma turma de mais de 50 alunos. Ela só parecia distraída mesmo. Na primeira avaliação e nas seguintes, tirou sempre as melhores notas e me surpreendeu positivamente. Ana Paula, contrariou a média geral de baixíssimas notas da classe. Sempre que iniciava um novo assunto ou teoria social, explicava filosoficamente a origem de cada uma delas, fazendo os alunos conhecerem as origens das diversas teorias que o Serviço Social, se apropriou ao longo dos anos, depois de ter nascido na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, como serviço da Igreja Católica, oferecida aos pobres e desvalidos da sorte, pelas “damas de caridade” como classificava a Igreja todos os que tinham perdido suas terras para o capital e procurado a cidade para sobreviver com dignidade, mesmo que a custa de terceiros. Márcia Helena, Jane Mara, Lilian Gomes e Laudenise, estão todas também trabalhando na Secretaria de Estado de Serviço Social- SEAS, comandada pela Secretária Regina Fernandes do Nascimento. A ex-colega, Jane Mara é sua Secretária Executiva.
Ana Paula foi me visitar no Hospital, mas também não lembro. Depois do coma de 10 dias de coma induzido em 2006, passei mais 45 dias sem memória. Lacunas desse tempo, estão sendo reconstruídas aos pedaços pela minha esposa de 19 anos, Yara Marília Queiroz. Meu filho tinha oito anos quando sofri a primeira operação e também não tem lembranças de como tudo começou! De uma coisa, estou certo: como se fosse uma onda que deságua na areia da praia produzindo terror no início quando começa e suavidade quando termina, tenho a certeza que a dureza e as exigências que fazia aos alunos, se transformaram em espumas suaves e me permitem andar com os pés descalços por sobre elas, feliz porque cumpri meu dever como professor.