DA AUSÊNCIA AO EXCESSO DE RELÓGIO

Quando criança final da década de oitenta (1980) e início da década de noventa (1990) lembro como se fosse hoje a falta de um relógio para ter noção das horas para ir à escola. Morava na fazenda cerca de três quilômetros de distância para chegar a cidade, naquele ano estava estudando no período intermediário das dez horas (10h) às quatorze horas (14h). Se estudasse no turno da manhã era fácil saber a hora de sair de casa, mas no intermediário era mais complicado pois na minha casa só quem tinha relógio naquele ano era meu pai e ele logo cedo saía para lida.

Então, preocupada em não perder a hora de partir de casa à escola eu tive a velha e antiga ideia de me orientar pelo o sol. Minha casa era com a frente para sul e os fundos para o norte as laterais eram leste e oeste; em um dia de domingo dia que meu pai descansava aproveitei e fiquei esperando a sombra do lado oeste da casa aproximasse das nove horas e marquei com um torninho de madeira enfiado ao chão.

Quando a sombra se aproximava do torninho de madeira Já sabia que era hora de tomar banho e quando a sombra estava exatamente em cima do torninho, já era hora de partir. Esse relógio me foi fiel o ano inteiro apesar de a mostrar-me somente uma hora ( nove), porém era ele que eu usufruía para não perder os horários das aulas.

Hoje, vejo relógio em praticamente todos os eletrônicos; em televisão, geladeira, celular, microondas, fogão, tablet e computadores, no ato de sair de casa tenho as horas com fartura, todavia ao me locomover no decorrer de certos trajetos preciso de terceiros para saber das horas visto que apesar de possuir qualquer objeto que mostre as horas não “posso” usufruir do uso porque o dono que não comprou vem e sem pedir licença leva e ainda devemos agradece se ficarmos com vida.

E fico a pensar o que seria pior o meu tempo cujas as condições financeiras do meu pai não dava para me presentear com um relógio ou o tempo atual o qual posso comprar qualquer objeto que mostre as horas, mas não posso usá-lo?

Fátima Gonçalves

Fatima Goncalves
Enviado por Fatima Goncalves em 06/03/2017
Reeditado em 13/02/2018
Código do texto: T5932810
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