FELIZ ANO NOVO
A maioria da população mundial tem só uma oportunidade de desejar feliz ano novo aos demais, mas nós, brasileiros, não.
Todos os anos nós comemoramos:
1 – o ano novo no calendário gregoriano, esse que quase todo mundo usa, que começa em primeiro de janeiro e termina em trinta e um de dezembro. Estamos comemorando o de número 2017;
2 – o ano novo chinês, aquele que varia de acordo com uns cálculos que se fazem para encaixar os movimentos da lua, do sol e fenômenos astronômicos como os equinócios de forma que as estações do ano se encaixem perfeitamente dentro do que se convencionou chamar de calendário lunissolar.
Ele começa sempre numa lua nova entre os dias 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Comemoramos em 28 de janeiro de 2017, a chegada do ano 4715;
3 – o ano novo administrativo, econômico e financeiro que começa depois do carnaval, sim porque até a quarta feira de cinzas, as coisas não acontecem muito bem no Brasil, é muita preguiça, muita fantasia para aprontar, desfiles de agremiações, essas coisas de “magna e fundamental importância”.
Devemos estar mais ou menos no ano 517, sim porque de Cabral até hoje a engrenagem está meio capenga e não dá para saber direito quantos já foram comemorados ou se realmente começaram;
4 – e para finalizar temos o ano novo judaico, aquele que se comemora no dia da páscoa, ou seja, o primeiro domingo, da primeira lua cheia depois do equinócio de primavera no hemisfério Norte.
Neste ano de 2017, o equinócio ocorrerá no dia 21 de março e a páscoa em 16 de abril quando então estaremos comemorando o ano 5778.
Bom, depois disso, deveríamos arregaçar as mangas e trabalhar bastante, mas aí vêm as festas de Tiradentes, do mês mariano com o dia das mães, depois os santos juninos Antonio, João e Pedro, a festa do divino, vulgarmente chamada de pentecostes (50 dias depois da páscoa), depois o dia da pátria, o das crianças misturado com Nossa Senhora Aparecida, depois finados, proclamação da república que se emenda com o natal e, quando menos se espera, lá está o 31 de dezembro. Quer dizer, ano novo outra vez.
Acho que já dá para entender o porquê dos políticos não trabalharem; das nossas estradas serem as mais esburacadas do mundo;
nossos serviços serem, todos eles, de meia boca;
de termos que pagar impostos exorbitantes;
de jogarmos fora 40% da nossa produção agrícola;
das nossas escolas serem uma vergonha nacional;
dos plantonistas raramente estarem presentes quando se precisam deles;
dos desmoronamentos por erro de cálculo estrutural do viaduto em Belo Horizonte/MG, da ciclovia no Rio de Janeiro/RJ, da sede do CREA em Pernambuco, das piscinas individuais dos apartamentos no prédio de luxo em Goiânia/GO condenadas a ficarem vazias porque o peso da água não foi considerado;
da reprovação de 70% dos bacharéis em Direito nas provas da OAB;
do diagnóstico de dengue quando o paciente estava com apendicite;
dos erros de grafia e gramática inaceitáveis na mídia impressa;
dos aditivos (sempre para maior) nos orçamentos de obras empreitadas pelos órgãos públicos;
dos eternos adiamentos para conclusão dessas obras e o sucateamento dos equipamentos hospitalares...
Só me resta desejar, feliz ano novo para todos vocês.