O GRANDE MESTRE STEINER.

Não mataram ainda a poesia porque não mataram o sentimento, não mataram a linguística porque ela é o veículo da comunicação.

Buscar o lucro e bens materiais para sobreviver sempre foi a grande meta humana.Da mesma forma que a imagem revolucionou com sua chegada e não sepultou a prensa como advertiu em "A Galáxia de Gutenberg", "Gutemberg Galaxy", Marshall McLuhan, a computação perdeu para o livro editado com filtros. Está verificado.

A excelência do pensamento na edição tradicional que ainda assim não galga senão por medidas os grandes pódios, continua sem concorrentes. Livro virtual é um fracasso em números. A Amazon se queixa, vai parar essa edição inconsequente.

Diferente hoje de um capitalismo burro como da Amazon, maior varejista do mundo, que colocou sem nenhum critério milhares de títulos na antena sem nenhum conteúdo,"livros" meramente virtuais, sem chance, que são estupendo lixo, restos em várias línguas, sem nenhuma avaliação de mérito ou correção gráfica. Simplesmente editam, sem conhecer quem "criou", o que criou, uma total insuficiência. Livro não é cosmético como vende a Amazon. "Livros" destinados à indiferença, é o que ocorre, não são livros.

A Amazon esqueceu que livro não é massa de venda como por ela operada, de um alfinete a carros.

“O dinheiro nunca falou tão alto quanto agora. O cheiro do dinheiro nos sufoca, e isso não tem nada a ver com o capitalismo ou o marxismo. Quando eu estudava, as pessoas queriam ser membros do Parlamento, funcionários públicos, professores... Hoje mesmo a criança cheira o dinheiro, e o único objetivo já parece querer ser rico. E a isso se soma o enorme desprezo dos políticos em relação aos que não têm dinheiro.” George Steiner.

Mas o dinheiro nunca surgiu para a Amazon através dessa infeliz iniciativa, livro virtual. No momento amarga o insucesso absoluto em possibilidade de receita. Livro tem que ser conhecido,avaliado pela edição, apresentado,criticado, aceito.

E disse o grande Professor, aos 88 anos:

“Vivemos uma grande época de poesia, especialmente entre os jovens. E escute uma coisa: muito lentamente, os meios eletrônicos estão começando a retroceder. O livro tradicional retorna, as pessoas o preferem ao kindle... Preferem pegar um bom livro de poesia em papel, tocá-lo, cheirá-lo, lê-lo. Fiz poesia, mas logo me dei conta de que o que estava fazendo eram versos, e o verso é o maior inimigo da poesia. E eu disse também — e há quem jamais tenha me perdoado por isso — que o maior dos críticos é minúsculo diante de um criador.”

Creio hoje que as pessoas confundem poesia com simetria, estereótipos com sentimento. Não têm asas o ponto e a reta, números esmagam o interior poético, não basta a licença poética que encarcera, é preciso alma, não números, simetrias que confiscam as liras do coração. E inventam "versos" com novos nomes sem nenhuma criatividade, sem poesia no mundo cibernético.

Uma avalanche de péssimo gosto e nenhum sentimento; quando muito combinação de paralelos sem similaridades, um desastre.É preciso ser uma Ana Bailune, uma Lilian Reinhardt, uma Lúcia Constantino, para inundar a antena de sentimentos poéticos, ainda que não conhecidas pela literatura nacional.O sentimento não chega de graça,nasce com a pessoa.

"O verso é o inimigo da poesia", afirma o insuperável mestre.

De pobreza basta o pobre que come lixo, como reporta, um verdadeiro mestre quando o título hoje é declinado a qualquer um que nada viveu, nada sabe do que expende e nem mestrado sabe o que é.

Livro é editado por editoras que editam ou não pela envergadura e tradição de quem escreve ou inicia a atividade sendo aceito por um colegiado cultural,poesia nasce do sentimento, não de inventivas sem repercussão. Vence a cultura que sepulta a enganação.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/03/2017
Reeditado em 06/03/2017
Código do texto: T5931389
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