ESTRANHO DESTINO (entre voar e nadar)

De canto adocicado deixava transparecer uma amargura por sua solidão,

Embora pudesse voar sem conhecer fronteiras, ainda faltava algo,

Repousando sobre uma árvore à beira de um lago soltava sua melodia,

O sol conduzia timidamente sua luz sobre suas penas, entre as passagens que as folhas abriam,

E ao olhar seu reflexo nas águas do lago, viu que algo se movimentava,

Era um peixinho solitário, que na última seca se perdeu das águas do rio,

E ali abandonado pelas circunstancias nadava em círculos,

Esperando a chuva unir sua casa às correntezas daquele rio onde a vida fluía,

Eles se olharam sem esperar muito daquele encontro,

O peixinho preso no laguinho entre raízes das árvores,

E o pássaro livre, sufocando em sua liberdade, desacompanhado nas asas do vento,

Estranhamente naquele diálogo encontraram paz.

Ao passar dos dias o encontro virava rotina,

E eles não percebiam ou lutavam em não ver...

Que as feridas estavam cicatrizando,

E que a esperança nascia como um novo amanhecer,

Mas como poderia um peixinho voar,

Ou um pássaro mergulhar,

Pois o amor era flor que à beira do lago floresceu,

Mas ainda não podiam se beijar,

Então a árvore se manifestou, e se apresentou com o nome Destino,

Disse que sempre havia uma razão das coisas se apresentarem como são,

E se aquele peixinho não ficasse preso naquele lago,

Ambos seriam tão livres que improvável seria aquele encontro.

Logo o destino lançou uma luz que dizia,

Realmente, peixes não voam e pássaros não mergulham,

Então para que viver tão lá no alto céu,

Ou tão profundo nas correntezas de um rio?

A flor começou a exalar seu perfume,

Foi quando o pássaro pousou a beira do rio,

E descobriu que aguentava alguns segundos dentro d’água,

E o peixinho também se permitiu por um tempo a se lançar no ar.

E em silêncio misturado ao perfume daquela flor, o beijo aconteceu, e o Destino parecia falar,

Vocês encontraram equilíbrio, não tão para lá, nem tão para cá,

E se a beleza deste encontro fazia eles não se sentirem mais sozinhos,

O Destino transformou os problemas em solução, e aquela união puderam celebrar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 04/03/2017
Código do texto: T5930896
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