Dê a seta!

Hoje eu quis investigar a origem do carro e descobri que os registros mais antigos que remetem à invenção de um veículo similar ao carro como conhecemos provêm de tábuas antigas da Mesopotâmia, esses registros são de aproximadamente 6 mil anos, embora não haja exatidão com relação as datas. Segundo arqueólogos há evidências de veículos com rodas na Europa e ilustrações de carroças em um jarro de Bronocice, na Polônia em 3,5 a.C.

Em 1789 se atribui a Nicolas-Joseph Cugnot a conversão do movimento de um pistão em movimento rotativo e a criação do motor a vapor de veículos capazes de transportar humanos.

Mas foi só em 1907 que surgiram os indicadores elétricos de direção, que nós conhecemos popularmente como "seta' e que são indispensáveis e padrão nos automóveis em todo o mundo; antes de sua criação os motoristas precisavam pôr o braço para fora da janela para indicar qual a orientação que iria tomar e que manobra pretendia fazer.

Qualquer motorista já passou desconforto de dirigir próximo a outros motoristas que se esquecem da existência desse tão simples acessório de seu veículo, a "seta". São tantos anos desde sua criação, mas muitos ainda não conseguiram se familiarizar com a sua existência ou necessidade. Não se sabe quais as razões, mas é notório o preconceito com o ato de sinalizar. No universo masculino então como é curioso que eles possam dar conta de modificar todo o veículo, colocar luzes de néon, colocar caixas de som imensas abrindo mão do conforto dos passageiros, retirar molas para rebaixar o carro... tudo!

Tudo isso, mas não são capazes de dar a bendita seta.

Nas relações me ocorreu que passamos pela mesma dificuldade.

Quantas vezes o parceiro simplesmente se esquece de sinalizar, seja: intenções, cuidados, direções... e os acidentes inevitavelmente acontecem. Acontecem porque a dedução nem sempre dá conta, porque vidência é treco que não existe em se tratando de amor (ou de trânsito), será que existe vidência?

Alguns acidentes são irreparáveis, e ao pensar que um pequeno movimento, um simples meneio de mão ao lado do volante e tanto poderia ser previsto, anunciado, evitado, perpetuado, vivido...

As setas dialogam o que o orgulho cala.

Não há quem consiga uma habilitação e não tenha aprendido a usar as setas de sinalização. Para se relacionar no entanto não é exigida nenhuma habilitação, se aprende fazendo e por vezes fazemos de qualquer jeito, de todo jeito, de um mal jeito qualquer.

Ninguém gosta de se acidentar, mas somos egoístas e mesquinhos demais para entender que quem está ao lado, atrás, na frente... quem vai conosco precisa apenas que a gente "dê a seta".

Ingrid Fernandes
Enviado por Ingrid Fernandes em 03/03/2017
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