PEDINDO ABSOVIÇÃO

Nesta estrada da vida, já perdi o número de quantas crianças batizei. Acompanhei o crescimento de algumas delas e mantenho ainda relação de amizade.

Devido a função no banco, os clientes, na maioria pequenos produtores, gostavam de ter a gente como compadre. E toca batizar seus filhos. A minha contrapartida era somente o enxoval. A festa, geralmente churrasco no almoço, era no sítio, com a participação da vizinhança toda. Quando estive na capital, certa ocasião, fui lá no Brás e adquiri umas dezenas de enxovais: rosa e azul, para tal eventualidade. O contato com a criança e com os pais terminava aí. Depois a gente era transferido e nunca mais os via.

É sempre um presente maravilhoso ser convidado a apadrinhar alguém, desde que seja por motivo de amizade. Mas, agora pergunto: cumpri a minha missão de padrinho, ou seja, coloquei a criança no caminho da fé? Acompanhei o seu desenvolvimento e amadurecimento durante pelos menos parte de sua vida? Lamento responder negativamente. E isso me acompanha como um sentimento de culpa silenciosa. A quem poderia pedir absolvição?

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 03/03/2017
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