Um dia você acorda e vê que não está mais em sua casa... O mundo lhe parece totalmente diferente. Você vê que está em outro plano. O chão é feito de nuvens e os pássaros voam ao seu lado como se estivessem te guiando.

Você sente um conforto que nunca tinha sentido... O sol brilha forte, mas não queima, não machuca a pele negra, parda e branca, colorida. Há um portão dourado e um banquinho rosa choque, e ao lado dele, em cima de uma mesinha existe uma vitrola que toca a quinta sinfonia de Tchaikovsky. Então você senta e sorri.

Você passa horas a fio sentado, sentindo uma brisa e uma sensação de paz e muita preguiça. Mas então o portão se abre e você arregala os olhos assustado. Você pensa que alegria de pobre dura pouco e que vão lhe jogar de volta à realidade da vida onde existe aquele mal é impune... e você já se imagina retornando ao lar com pessoas que queimam índios, estripam negros, atiram crianças de prédios, torturam menores abandonados... degoladores, estupradores, cafajestes, playboys, patricinhas, psicopatas, alienados... “CANALHAS ARREPENDEI-VOS! ”

Mas do portão surge apenas um velhinho com uma carinha simpática. Ele tem uma longa barba branca e usa um cajado para andar. “É DEUS! É DEUS! É DEUS! Ai, ai, ai!! Faça reverencia, pare de agir como uma tiete! Ajoelhe-se diante do digníssimo. PELO AMOR DE DEUS, NÃO SEJA MAU EDUCADO COM DEUS! ”.

E então ajoelhado e até meio choroso você ouve ele ordenar em tom imponente:

"TOME aqui um botão verde e um vermelho. No verde, você faz com que a terra continue do jeito que está. e no vermelho você explode tudo!".

E pela primeira vez na vida você toma uma decisão, sem o mínimo de dúvida ou remorso...

“Vermelho, ué. ”.


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Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 02/03/2017
Reeditado em 17/03/2017
Código do texto: T5928206
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