E NA COLUMBA, NADA?
Algumas pessoas, principalmente os mais jovens, costumam comparar (ou equiparar) nossas palavras com as estrangeiras. Vibram quando encontram palavras que, em nossa língua, são ridículas ou depreciativas.
No tempo em que se estudava latim na escola, uma das primeiras palavras aprendidas era columba (pomba). Coitada da menina que sentava na frente do Joãozinho!
Depois, descobria-se a pronúncia de “vaca” em alemão (não vou dizer aqui; por favor, perguntem pra “omama”). Mais tarde, alguém notava que na letra da Marselhesa, o hino nacional francês, existe a palavra “sutiã”. No cinema, alguns filmes apresentavam o ator nipônico Kioko Kagawa. Cocô é apelido da famosa perfumista francesa.
Os que se impressionam com palavras não devem ir a Madri comer “callos” (dobradinha). Talvez até tenham de esperar um “rato” (momento) para a comida esfriar. E na Itália, quando um sujeito chamado Pepino olha pra você e diz na sua cara: “prego”? Na África (vejam como sou cosmopolita!), você pode encontrar indivíduos chamados Suruba, Mamika, Boboka...
Algumas terminações fonéticas brasileiras possuem conotação depreciativa. Por isso, funcionam bem para apelidos ou termos de rebaixamento social: socó, bocó, mané, zeguedé, mocorongo, barnabé, lelé, pongo, fuzuê, miserê, petebê e outros. Quando as observamos em palavras estrangeiras, costumamos considerá-las também ridículas. É o tal negócio de confundir as palavras com as coisas por elas representadas. O “rato” espanhol não é o mesmo ser repugnante que assola nossa cozinha. O Pepino italiano não representa problema algum, a não ser que você fique perto demais quando ele estiver “conversando”...