CRÔNICA – No último dia de carnaval – 01.03.2017
CRÔNICA – No último dia de carnaval – 01.03.2017
Ontem resolvi curtir a praia de Boa Viagem aqui a seiscentos metros de casa. Fui sozinho, pois meu convite não obteve aceitação, mas levei a minha famosa pipa para me divertir, eis que andava solitário, triste e desanimado.
Na chegada, a grande dificuldade foi arranjar uma barraca com cadeiras para me acomodar. É que agora inventaram esse negócio de dizer que embora desocupadas foram reservadas, maneira de ganhar mais algum dinheiro nas costas dos mais bestas. De início disse ao rapaz: pois eu vou me sentar e você manda me prender, pois se pelo menos tivesse o nome de quem a reservou eu me daria por satisfeito. Ele prontamente retirou as duas cadeiras e deixou apenas uma pequena mesa de plástico, onde me sentei, mas corria o risco de que ela se quebrasse e eu me machucasse. Desisti, dei uma voltinha e encontrei uma mais adiante, onde realmente me acheguei.
O meu desejo era apenas ver gente, olhar o movimento, soltar a minha pipa e tomar uma cervejinha gelada, porquanto o calor estava muito forte, e a praia superlotada. Sobre a pipa uma decepção. Quando ela estava reinando sozinha no ar veio um molecote por traz e entrançou a linha da dele na minha. Com muito cuidado, separei as duas pipas e fiz entrega da dele, pedindo que procurasse ir pra mais longe e não cortasse a minha linha. Ouvido de mercador. O danado, imediatamente, enganchou as duas pipas e quando abri os olhos ele já estava longe levando a minha obra de arte. Paciência. Não havia sequer um policial por perto e nem por longe, a praia estava entregue às baratas em questão de segurança. Aliás, as mulheres dos policiais daqui estão fazendo um movimento parecido com aquele de Vitória do Espírito Santo, que deveriam ter sido presas. O lance da pipa foi combinado com familiares, a fim de me localizar facilmente no meio de tanta gente, mas nem sequer conseguiram vê-la, claro.
Então pedi uma cerveja. Pra minha surpresa, só havia tal de “devassa”, “proibida” e “safada”. Relutei um pouco, pois gosto de Brahma ou mesmo de Itaipava, mas entrei na devassa, pra começar. Depois, quem sabe, poderia enveredar pelos caminhos das demais, até porque bem engarrafadas e de bom aspecto. É claro que esses nomes de fantasia servem de chamamento aos consumidores, eis que todas elas são precedidas nas propagandas de mulheres seminuas, lindas e maravilhosamente belas. Um apelo comercial válido para o momento atual do país, que vive verdadeiras desmoralizações. Ninguém se engane se dentro de pouco tempo tivermos essas bebidas com os nomes de “Xibiu”, “Perereca” e “Bumbum”, por exemplo. E vai ser muito interessante o cara tomar xibiu no casco...
Mas não consegui me soltar, primeiro porque como o pessoal não viu o meu sinal, que era a pipa, voltou imediatamente pra casa; depois, porque nunca vi um espetáculo tão deprimente com o povo rindo, pulando, cantando e demonstrando uma alegria que só poderia ser da boca pra fora, porque não é possível que com uma crise dessa envergadura nós queiramos mostrar ao mundo que está tudo bem por aqui, e esse posicionamento certamente servirá de chacota aonde quer que seja visto. Uma vergonha! Quando abrirem os olhos no dia de hoje vão raciocinar na besteira que fizeram, porquanto vão chegar as contas nos próximos boletos bancários.
Fico por aqui. Meu abraço.
Na chegada, a grande dificuldade foi arranjar uma barraca com cadeiras para me acomodar. É que agora inventaram esse negócio de dizer que embora desocupadas foram reservadas, maneira de ganhar mais algum dinheiro nas costas dos mais bestas. De início disse ao rapaz: pois eu vou me sentar e você manda me prender, pois se pelo menos tivesse o nome de quem a reservou eu me daria por satisfeito. Ele prontamente retirou as duas cadeiras e deixou apenas uma pequena mesa de plástico, onde me sentei, mas corria o risco de que ela se quebrasse e eu me machucasse. Desisti, dei uma voltinha e encontrei uma mais adiante, onde realmente me acheguei.
O meu desejo era apenas ver gente, olhar o movimento, soltar a minha pipa e tomar uma cervejinha gelada, porquanto o calor estava muito forte, e a praia superlotada. Sobre a pipa uma decepção. Quando ela estava reinando sozinha no ar veio um molecote por traz e entrançou a linha da dele na minha. Com muito cuidado, separei as duas pipas e fiz entrega da dele, pedindo que procurasse ir pra mais longe e não cortasse a minha linha. Ouvido de mercador. O danado, imediatamente, enganchou as duas pipas e quando abri os olhos ele já estava longe levando a minha obra de arte. Paciência. Não havia sequer um policial por perto e nem por longe, a praia estava entregue às baratas em questão de segurança. Aliás, as mulheres dos policiais daqui estão fazendo um movimento parecido com aquele de Vitória do Espírito Santo, que deveriam ter sido presas. O lance da pipa foi combinado com familiares, a fim de me localizar facilmente no meio de tanta gente, mas nem sequer conseguiram vê-la, claro.
Então pedi uma cerveja. Pra minha surpresa, só havia tal de “devassa”, “proibida” e “safada”. Relutei um pouco, pois gosto de Brahma ou mesmo de Itaipava, mas entrei na devassa, pra começar. Depois, quem sabe, poderia enveredar pelos caminhos das demais, até porque bem engarrafadas e de bom aspecto. É claro que esses nomes de fantasia servem de chamamento aos consumidores, eis que todas elas são precedidas nas propagandas de mulheres seminuas, lindas e maravilhosamente belas. Um apelo comercial válido para o momento atual do país, que vive verdadeiras desmoralizações. Ninguém se engane se dentro de pouco tempo tivermos essas bebidas com os nomes de “Xibiu”, “Perereca” e “Bumbum”, por exemplo. E vai ser muito interessante o cara tomar xibiu no casco...
Mas não consegui me soltar, primeiro porque como o pessoal não viu o meu sinal, que era a pipa, voltou imediatamente pra casa; depois, porque nunca vi um espetáculo tão deprimente com o povo rindo, pulando, cantando e demonstrando uma alegria que só poderia ser da boca pra fora, porque não é possível que com uma crise dessa envergadura nós queiramos mostrar ao mundo que está tudo bem por aqui, e esse posicionamento certamente servirá de chacota aonde quer que seja visto. Uma vergonha! Quando abrirem os olhos no dia de hoje vão raciocinar na besteira que fizeram, porquanto vão chegar as contas nos próximos boletos bancários.
Fico por aqui. Meu abraço.
Ansilgus