Fim de festa

E agora, mané? A festa acabou, a noite esfriou, a música silenciou e não há mais o frisson de ficar batendo palminhas para os artistas de araque e as bandas da moda. Não tem mais nem um restinho de bebida, um pedacinho de sanduba, uns pedacinhos de espetinho. Não há mais nada. As luzes do circo foram apagadas e ele está sendo desarmado. Acabou a folia e a ilusão. E você, como está você, mané? Deve estar feliz, brincou muito. É claro que está cansado, sentindo um vazio e com os ouvidos zunindo devido a tanta zoada, tás meio mouco, né? E com a cabeça doendo. E o bolso, Mané? Deve estar tão vazio quanto os pratos e as panelas em casa. Mas valeu, né, Mané? Pelo menos há esse circo para compensar a falta de pão, feijão, da mistura, da boa escola para teus filhos, sa saúde, segurança, emprego, remedios, cidadania... Mas tendo circo tem tudo, e ainda tem tapinhad no ombro dos políticos. Isso é o que importa, o resto sai no mijo.

Você sabe quanto se gasta e de onde vem o dinheiro para pagar esse circo? Não, não sabe, mas é você mesmo e os outros manés que pagam. Você paga por cada palminha que bate. O dinheiro é subtraído de você mesmo. Não existe circo grátis, mané.

Fique triste não, vai haver só uma paradinha, breve anunciam um carnaval fora de época, basta notarem que você está ficando irritado e os podres poderes armam o circo. Vocé é besta, mané, você vai pular, fazer cabriolas, bater palminhas e esquecer de exercer a cidadania. Evoé, momo mané besta. Fique com sua ressaca e com a barriga roncando quem cuíca. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/03/2017
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