D e s c a r a c t e r i z a ç ã o

É noite da chamada, pelo menos em Pernambuco, terça-feira gorda, finalzinho do carnaval, embora amanhã, quarta-feira ingrata, ainda haja folia em algumas cidades, principalmente em Olinda. Não brinquei o carnaval e nem sequer dei uma olhada nos blocos no Recife velho. Confesso que fiquei roendo, mas que é que posso fazer se monha saúde não me permite certos esforços?

Portanto, volto ás minhas arengas aqui na passarela do RL onde sou apenas um pobre pierrô chato.

Não tem jeito, as cidades interioranas, pelo menos no agreste/sertão de Pernambuco, estão perdendo as suas peculiaridades. Não só no que diz respeito aos usos e costumes, mas até na fisionomia. Sim, o casario histórico está sendo derrubado e substituído pelos prédios tipo caixão com porta de ferro. Horríveis. A "marreta do progresso" está descaracterizando as cidades. Estão todas ficando iguais, sem personalidade.

As cidades estão perdendo sua identidade. E o processo, infelizmente, é irreversível. Detalhe: quem fica contra essa descaracterização, meu caso, é taxado de ultrapassado, doido e inimigo do "progresso".

Dói muito em quem respeita a história ver suas referencias serem destruídas. É como se estivessemos noutra cidade. Falar em preservação da memória municipal é pecado.

Breve, parafraseando um verso de Drummond, as cidades da minha região serão apenas "um retrato na parede".

É muito triste. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/02/2017
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