CRÔNICA REFLEXIVA DO CARNAVAL
Durval Carvalhal
Já dizia o filósofo Soren Kierkegar que “o homem é industrioso e hábil; ora se dirigindo pra o bem, e ora se dirigindo para o mal".
Sem dúvida, é um ser imprevisível, capaz de experimentar todo tipo de sentimento. Com extrema facilidade, troca sua tristeza por alegria; sua alegria por euforia; sua euforia por irracionalidades, e da irracionalidade vai ao destempero fatídico.
O carnaval é um ótimo momento para esse ser tão racional nadar a braçadas fortes pelo oceano da insensatez. Com simplicidade espantosa, rasga seu cotidiano normal por momentos de intensa animalidade.
Eufórico, não percebe a reprodução do coliseu da antiga Roma, quando o governo oferecia “pão e circo”, como forma de as pessoas esquecerem seus problemas. E aí, esbaldam-se! E como esbaldam-se!
Depois da fantasia, chega a hora de contabilizar seus “lucros e perdas”, e o balanço não fecha; e não fecha exatamente porque suas contas “Caixa” e “Banco do Brasil" estão com saldo credor. E agora, José? Perguntaria Drummond.
Só quem vive em estado de carência generalizada, não importando a classe social, tem necessidade de extravasar em momentos como o carnaval.
Quem tem vida normal e ou prima por qualidade de vida, não se permite enfrentar toda sorte de desconforto para misturar-se a uma turba heterogênea, raivosa e violenta; uma gente que vai da pura ingenuidade à violenta trapaçaria. É a vida que segue como ela é, ou não?