De Melindres e Melindrosas se faz um Carnaval
Estavam à janela e na rua daquele bairro meninas e meninos brincavam. Uma das crianças se destacava pela pele extremamente alva, gestos delicados, lábios rosados e roupas bem cuidadas. Destacava por isto das demais maltrapilhas e desleixadas crianças. Foi quando uma das observadoras exclamou:
- É uma melindrosa!
Palavra atirada como um dardo carregado de conceitos e preconceitos. E a palavra repercutiu em ecos durante momentos de tempos diferentes ou de outras épocas.
Talvez quem a hispou não soubesse seu significado. Talvez quem a ouviu só o compreendeu tempos depois. Talvez... o certo é que a palavra ficou martelando até se buscar referências para digerir o conceito. Inicialmente soou como uma ofensa ou um recalque. Era como margaridas já no ponto de se despetalar ou hortênsias enferrujadas pelo terreno ácido ou velhas violetas estivessem com despeito da rosa e a condenassem por sua beleza.
Melindrosa!
Certo é que é uma das fantasias feminina mais bonita de carnaval – uns dirão são as odaliscas, mas gosto é gosto!
Muito antes de fantasia é um estilo de vida vintage.
No entre guerras as mulheres se rebelaram. Encurtaram seus vestidos. Aboliram o espartilho. Cortaram seus cabelos. Bebiam. Fumavam. Praticavam sexo como esporte à moda masculina reivindicando igualdade de comportamento. Histriônicas sim, prostitutas jamais. Elegantes eram suas atitudes a ponto de deixar queixos caídos e queijos roídos por recalques puritanos e machistas da época.
Ser melindrosa era estilo de vida. Ser melindrosa era ter atitude. Ser melindrosa era comportamento. Ser melindrosa foi uma das primeiras formas do feminismo.
Ser melindrosa era ferir melindres impostos pela sociedade conservadora.
Ser melindrosa era uma revolução.
Ser melindrosa era um ato político!
Todo ato humano, até se dizer neutro, é um ato político.
Toda campanha que se pretende abolir a participação e construção política em qualquer setor ou instituição social – Igreja, Escola, Festejos, Calendário, Cultura – é um ato de intenções políticas.
No carnaval apolítico, que é este país, se faz da alienação suas melindrosas sem melindres à democracia!
Estavam à janela e na rua daquele bairro meninas e meninos brincavam. Uma das crianças se destacava pela pele extremamente alva, gestos delicados, lábios rosados e roupas bem cuidadas. Destacava por isto das demais maltrapilhas e desleixadas crianças. Foi quando uma das observadoras exclamou:
- É uma melindrosa!
Palavra atirada como um dardo carregado de conceitos e preconceitos. E a palavra repercutiu em ecos durante momentos de tempos diferentes ou de outras épocas.
Talvez quem a hispou não soubesse seu significado. Talvez quem a ouviu só o compreendeu tempos depois. Talvez... o certo é que a palavra ficou martelando até se buscar referências para digerir o conceito. Inicialmente soou como uma ofensa ou um recalque. Era como margaridas já no ponto de se despetalar ou hortênsias enferrujadas pelo terreno ácido ou velhas violetas estivessem com despeito da rosa e a condenassem por sua beleza.
Melindrosa!
Certo é que é uma das fantasias feminina mais bonita de carnaval – uns dirão são as odaliscas, mas gosto é gosto!
Muito antes de fantasia é um estilo de vida vintage.
No entre guerras as mulheres se rebelaram. Encurtaram seus vestidos. Aboliram o espartilho. Cortaram seus cabelos. Bebiam. Fumavam. Praticavam sexo como esporte à moda masculina reivindicando igualdade de comportamento. Histriônicas sim, prostitutas jamais. Elegantes eram suas atitudes a ponto de deixar queixos caídos e queijos roídos por recalques puritanos e machistas da época.
Ser melindrosa era estilo de vida. Ser melindrosa era ter atitude. Ser melindrosa era comportamento. Ser melindrosa foi uma das primeiras formas do feminismo.
Ser melindrosa era ferir melindres impostos pela sociedade conservadora.
Ser melindrosa era uma revolução.
Ser melindrosa era um ato político!
Todo ato humano, até se dizer neutro, é um ato político.
Toda campanha que se pretende abolir a participação e construção política em qualquer setor ou instituição social – Igreja, Escola, Festejos, Calendário, Cultura – é um ato de intenções políticas.
No carnaval apolítico, que é este país, se faz da alienação suas melindrosas sem melindres à democracia!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 23/02/2017
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