VELHINHOS, VELHINHAS E A SANTIDADE
Há uma espécie de mito “romântico” em nossa sociedade sobre velhinhos e velhinhas. De que são todos uns anjos, uns fofinhos e por aí afora. De que são sábios. Não, velhinhos e velhinhas são apenas sujeitos, humanos como sempre foram. De certo modo e aos poucos, retornam à fragilidade- física principalmente - dos tempos longínquos de quando foram criancinhas. Alguns, claro, acumularam grandes sabedorias e virtudes que cultivaram através da existência ; outros, ao contrário, apenas aperfeiçoaram suas ignorâncias e defeitos ; e outros tantos – certamente a maioria - se situam entre esses dois pilares. Velhice, portanto, não é virtude; do mesmo modo que juventude não o é. É uma condição, uma “fase” biológica e psíquica. Velhinhos e velhinhas estão muito longe de serem santinhos e santinhas. Ainda bem, “santinhos e santinhas” são insuportáveis em qualquer idade. Os outros, os pecadores, ainda que difíceis, são suportáveis e muitas vezes divertidos.
(Homenagem realista à minha mãe, a quem ajudo a tomar conta e que, aos 96 anos , de santa não tem nada).